Show Notes
“"No meu quarto, ou numa igreja", conversa com Maria Reis.
Memorial de Ares, experiências contadas do espaço.
Um memorial é um diário, um relato, e os “ares” aqui entendi como os lugares (como o que reconhecemos na expressão mudar de ares). É também, e sobretudo, uma referência à magnífica peça escrita por Machado de Assis “Memorial de Aires”.
O que motiva o programa que, ao lado de outros, anda à roda da arquitetura, é, justamente, a relação com as questões que têm como centro a arquitectura, mesmo quando partindo de outros quadrantes.
Interessará sempre mais olhar para essas questões nos momentos antes de elas serem disciplinadas, isto é, antes de se tornarem na (disciplina) Arquitectura.
Assim, antes dela: o espaço – que toda a gente sabe o que é, e toda a gente com ele lida, sem precisar de ser arquitecto – e também a construção, entendida no sentido de coisa que é o expressar-se, materializar-se de uma ideia (coisa sem matéria). Assim a construção é também assunto não exclusivo de arquitectos: constrói um alfaiate; um pasteleiro; um músico; um carpinteiro; um escritor.
Descobrir na memória de outros, recordações de lugares específicos de experiências especiais, com alguma peculiar circunstância de espaço – das qualidades do espaço, da sua acústica ou da sua luz; da sua “energia” ou cheiro; do seu sentido de ser aconchegado ou incrivelmente aberto e quase infinito… uma recordação – mesmo que distante e esbatida – de infância onde o som de uma melodia ou um barulho, ou de vozes, que marca e se transporte.
João Soares é arquitecto, formado pela FAUP. Ensina no Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora.
Nota sobre a convidada.
Maria Reis é Cantautora.
Nota sobre a música.
As peças que pareceu fazerem sentido acompanhar a conversa são, na ordem de sequência:
1) "Cello in scatola" improvisação livre de Francesco Gallus Soares, 2020; 2) "Live Performance, 2018", Gabriel Ferrandini, Maria Reis e André Cepeda; 3) "Love Scene", Jerry García (The Grateful Dead), Banda sonora do filme "Zabriskie Point", 1970; 4) Maria Reis - "Um Ai", Bandas na Banda live Sessions, 2020; 5) Elizabeth Cotten, "Spanish Flang Dang", in "Elizabeth Cotten - Freight Train And Other North Carolina Folk Songs And Tunes", 1958; 6) John Parish "How animals move", 2015; 7) Norberto Lobo e João Lobo, "Quinta do Rio", in "Mogul de Jade", 2013; 8) J. S. Bach, Suite No. 4 in E-Flat Major, BWV 1010: IV.Sarabande, (1717-1723), "Sei suites a violoncello solo senza basso" por Mario Brunello, 2018; 9) "In My Room", in "Surfer Girl", Beach Boys, 1963; 10) "We Only Come Out At Night" (Smashing Pumpkins, 1995) por Fanfarlo, 2010.
Este Podcast tem som e edição de Francisco Petrucci.
What is Memorial de Ares?
Memorial de Ares, experiências contadas do espaço. Um memorial é um diário, um relato, e os “ares” aqui entendi como os lugares (como o que reconhecemos na expressão mudar de ares). É também, e sobretudo, uma referência à magnífica peça escrita por Machado de Assis “Memorial de Aires”. O que motiva o programa que, ao lado de outros, anda à roda da arquitetura, é, justamente, a relação com as questões que têm como centro a arquitectura, mesmo quando partindo de outros quadrantes.Interessará sempre mais olhar para essas questões nos momentos antes de elas serem disciplinadas, isto é, antes de se tornarem na (disciplina) Arquitectura.Assim, antes dela: o espaço – que toda a gente sabe o que é, e toda a gente com ele lida, sem precisar de ser arquitecto – e também a construção, entendida no sentido de coisa que é o expressar-se, materializar-se de uma ideia (coisa sem matéria). Assim a construção é também assunto não exclusivo de arquitectos: constrói um alfaiate; um pasteleiro; um músico; um carpinteiro; um escritor.Descobrir na memória de outros, recordações de lugares específicos de experiências especiais, com alguma peculiar circunstância de espaço – das qualidades do espaço, da sua acústica ou da sua luz; da sua “energia” ou cheiro; do seu sentido de ser aconchegado ou incrivelmente aberto e quase infinito… uma recordação – mesmo que distante e esbatida – de infância onde o som de uma melodia ou um barulho, ou de vozes, que marca e se transporte. João Soares é arquitecto, formado pela FAUP. Ensina no Departamento de Arquitectura da Universidade de Évora.