O PodCast do Meta-Analysis Academy
Olá, pessoal, sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Metacast. Aqui é Rhanderson Cardoso e esse é o podcast do Meta-Analysis Academy. Hoje, eu tenho a honra de receber comigo André Rivera e Marcelo Braga. Vamos contar a carreira de sucesso desses estudantes de medicina que, no quinto e terceiro anos da faculdade, já se despontam como lideranças em termos de publicações científicas, carreiras e muito mais. Se você é novo por aqui, esse é o podcast Meta-Analysis Academy, onde eu, Rhanderson Cardoso, compartilho histórias de sucesso de pessoas que, nas suas fases da carreira, estão se destacando. Então, vou começar pedindo a apresentação aqui de André Rivera. Seja bem-vindo, André.
Muito obrigado pelo convite, Rhanderson. Meu nome é André Rivera, eu sou estudante do quinto ano de medicina na Universidade Nove de Julho em São Paulo.
Bom, professor, obrigado pelo convite, é uma honra estar aqui. Meu nome é Marcelo Braga, sou aluno de medicina na UFRJ e acabei de terminar o meu terceiro ano.
Maravilha, terceiro e quinto anos da Faculdade de Medicina. Vocês estão aqui em Boston. Contem um pouco sobre o que vocês estão fazendo aqui nos Estados Unidos.
Bom, a gente está, no momento, fazendo Clinical Observership lá no Beth Israel Deaconess Medical Center, que é um dos hospitais escola da Faculdade de Medicina de Harvard, e estamos aqui na nossa segunda semana.
Maravilha, muito bom. E como tem sido isso? Vamos começar por esse tópico, como tem sido o Observership até aqui para vocês? Duas semanas, já imagino que seja talvez um mês. Como têm sido essas semanas iniciais nesse Observership?
Tem sido fenomenal, uma experiência muito rica, enriquecedora. Eu nunca imaginei que estaria colaborando, trabalhando com essas pessoas no mesmo ambiente, pessoas que admiro, que fazem os trabalhos que mudam as diretrizes, que mudam a prática médica. E essas duas semanas mudaram muito minha perspectiva sobre a medicina aqui nos Estados Unidos também.
Maravilha. E você, Marcelo, como têm sido essas semanas iniciais?
Sim, eu concordo com o André. A gente sempre acompanha as inovações dentro da cardiologia, na área específica do nosso estágio, na eletrofisiologia. Então, estar com essas pessoas, como o Dr. Vivek Reddy, que a gente vê sempre como primeiro autor, atualizando os trabalhos, é simplesmente fenomenal. E eles, ensinando a gente, quebram um paradigma que tínhamos, de que, de repente, nos Estados Unidos e até em Harvard, o pessoal seria mais inacessível. Mas eles são super solícitos e têm uma paciência absurda, explicando tudo para nós. Aprender com essas pessoas que estão na vanguarda do conhecimento é muito gratificante.
Maravilha. Os meninos mencionaram aí o Beth Israel, que é um dos hospitais da Faculdade de Medicina de Harvard. Eu também trabalho no Brigham and Women's Hospital, que é outro hospital da Faculdade de Medicina de Harvard. Então, quero aproveitar essa oportunidade para dizer que o Metacast, o Meta-Analysis Academy, não tem filiação com essas instituições. Maravilha. Quero que vocês contem um pouco como tiveram essa oportunidade, como que, como estudantes de medicina em São Paulo e no Rio de Janeiro, conseguiram Observership em um dos melhores hospitais dos Estados Unidos, do mundo.
Bom, tudo começou com um paper, uma ideia de paper, onde juntei com outros colegas e fizemos desde a ideia até a escrita do manuscrito completo. Vimos que o trabalho estava muito bom, estava redondinho, estava legal, e pensamos: "Pô, dá pra chamar alguém com um calibre muito grande, alguém com muita expressão científica". E decidimos mandar um e-mail para o chefe da eletrofisiologia desse hospital onde estamos fazendo o nosso observership, convidando-o. Ele respondeu, dizendo que gostou muito do trabalho, que estava dentro, já mandou as sugestões dele, e marcamos uma reunião para uns dois dias depois. Ele elogiou novamente o trabalho e ainda fez o convite para virmos para cá.
Que demais! Conta um pouco sobre esse trabalho, André. Qual é o tema? Explique em mais detalhes, por favor.
Esse trabalho era de eletrofisiologia, sobre ablação de parede posterior para fibrilação atrial. Comparamos duas técnicas diferentes para fazer essa ablação, com ou sem ablação de parede posterior.
Isso, o padrão seria a ablação das veias pulmonares. Aí, comparamos se valia a pena ou não adicionar a ablação da parede posterior.
Então, quero destacar aqui, pessoal, dois pontos. Em primeiro lugar, a pesquisa, as publicações, o paper, têm valor muito maior do que apenas no currículo. Quando você aplica para uma residência, mestrado, doutorado, as conexões que você faz são fundamentais. O André e o Marcelo vão contar mais sobre isso já já. Mas o segundo ponto, que é fundamental, foi a iniciativa do André e do Marcelo de desenvolverem esse projeto de pesquisa. André, você ainda não é cardiologista, nem terminou a faculdade, está no internato. Talvez estivesse até no quarto ou quinto ano quando isso aconteceu. Como você teve essa ideia? Como foi possível isso?
Bom, realmente eu nunca tinha visto uma ablação de FA, não sabia o que era uma ablação de FA, mas usei uma das técnicas que aprendemos durante o curso de metanálises do Meta-Analysis Academy, que seria buscar nas revistas mais conceituadas da área, da cardiologia, e encontrei um trabalho que foi publicado fazia três dias sobre ablação de parede posterior. Eu não sabia o que era, então aprendi o que era aquilo e consegui transformar essa ideia em um projeto.
Certo. Isso é espetacular. Muita gente se preocupa: "Ah, como vou ter uma ideia de pesquisa? Estou no internato, no começo da faculdade". Mas você vai se tornar expert nos temas que decidir pesquisar. Você não precisa ser oncologista para fazer pesquisa em oncologia, e tudo mais. Marcelo está ali no terceiro ano da faculdade. Conta aí, Marcelo, quantos papers, publicações, trabalhos apresentados em congressos você tem até aqui?
Perfeito. Eu tenho oito aceites em revistas internacionais. Acho que se eu for lá no PubMed agora, devo ter seis ou sete publicações. Tem aquele gap entre o aceite e a publicação. Acho que dezesseis ou dezessete abstracts em congressos internacionais de cardiologia. No American Heart, devo ter mais uns sete ou oito em outro congresso dos Estados Unidos, de nefrologia ou de gastroenterologia, e mais uns dez, doze no Brasil.
Caramba! Então, você tem oito publicações e uns quarenta abstracts, pelo que contei aqui rapidamente, e alguns deles como primeiro autor.
Sim, sim, sim, e tem mais umas que eu enfim fiz uma listinha para conferir. Umas oito a nove papers prontos, submetidos para revista, esperando revisão, coisas assim.
Maravilha. André, e você?
Estou com dez papers publicados e tenho cerca de vinte abstracts. Acho que são vinte e dois, algo assim.
Maravilha, que espetáculo. E vamos aproveitar que entramos nessa questão dos números, agora a gente volta a falar sobre o Observership, mas faz contraste aí com as publicações que vocês conseguiram através das revisões sistemáticas e metanálises predominantemente e as oportunidades que a faculdade ofereceram para vocês. Vou começar com o Marcelo, que eu sei que está na UFRJ, uma instituição fenomenal em termos de treinamento na assistência e também em oportunidades de pesquisa. Sei que você está envolvido em projetos, mas conta como foi esse contraste entre aquilo que você teve acesso durante a graduação e as oportunidades de pesquisa que fazer revisão sistemática e metanálise trouxeram para você.
Perfeito. Como o próprio Rhanderson falou, a UFRJ é uma instituição tradicional em pesquisa. Dentro do Rio de Janeiro, do Brasil, é uma instituição forte, que publica, que está presente nas grandes reuniões científicas do Brasil afora. Mas, ter aprendido essa habilidade de conduzir, de modo autônomo, revisão sistemática e metanálise não só me permitiu publicar em maior quantidade e com alta qualidade, mas também, além de apenas publicar, eu mesmo pude convidar os professores da UFRJ e não ser só aquele estudante que chega pedindo oportunidades, o que é uma realidade para 99,9% dos estudantes. Mas aquele 0,1% que conhece esse tipo de habilidade consegue chegar no professor pesquisador, que é líder em sua área, e pode propor uma ideia, um projeto. Muitas vezes, cheguei na UFRJ e expliquei o projeto, como aprendi a fazer, e o professor perguntava sobre minha experiência. Eu mostrava o que já tinha feito. Teve até um episódio, há mais ou menos um mês, em que um professor, que eu nem sabia que tinha estudado nos Estados Unidos, ficou impressionado com uma revista em que publicamos. Ele disse: "Nossa, isso aqui nem eu tenho". Tudo isso graças a essa habilidade ensinada, essa motivação e esse incentivo para ter autonomia e convidar as pessoas para colaborar com você.
Vamos fazer uma estátua para você lá na UFRJ desse jeito, Marcelo. André, e você? Você está numa faculdade que talvez não tenha a mesma tradição em pesquisa que a UFRJ. Como você vê esse contraste entre as oportunidades que a faculdade te ofereceu em pesquisa e o que você conseguiu fazer através de revisões sistemáticas e metanálise?
Bom, na minha faculdade tem algumas revisões de literatura, mas comparado com metanálises, só a gente que fez metas. É impressionante o impacto que os papers que conseguimos fazer impressionam todos os professores.
Demais. Voltando à ideia que você teve da ablação de parede posterior, qual foi o desfecho daquele estudo em particular? Você convidou o chefe da eletrofisiologia, imagino que foi o Dr. Vivek Reddy, correto?
Foi. Convidamos o Dr. Vivek Reddy, que aliás, vamos trazer aqui no Metacast nas próximas semanas. O Dr. Reddy é chefe da eletrofisiologia em um dos hospitais da Faculdade de Medicina de Harvard. Você o convidou, discutiu o paper, ele ajudou a avançar, trouxe sua experiência e expertise como especialista na área. Qual foi o desfecho? Esse paper foi aceito?
Bom, ele está agora em revisão. Está na segunda revisão e vamos enviá-lo novamente neste final de semana.
Perfeito, logo logo estará aceito então.
Isso.
Muito bom. E aí você utilizou essa oportunidade, essa conexão que criou com o seu paper. O Marcelo falou que fez isso bastante na UFRJ. Você, nessa oportunidade, também conseguiu essa conexão através do seu paper, e foi essa abertura que te trouxe para Boston para fazer o Observership aqui, correto?
Isso.
Muito bom. E no Observership, estávamos falando antes, gostaria que vocês compartilhassem essa história sobre como ali no próprio hospital, no Beth Israel, as pessoas reconhecem vocês como autores dessas pesquisas. Conta disso aí.
É uma história muito boa. Tudo começou quando fui ao Congresso Europeu de Cardiologia e acabei conhecendo um Research Fellow do Beth Israel Deaconess Medical Center. Ele ficou muito impressionado com nossas publicações, com o fato de sermos estudantes de medicina e estarmos ali no congresso apresentando. Acabamos mantendo contato, ele entrou no Meta-Analysis Academy. E aí começamos a trabalhar juntos. O primeiro trabalho dele, se não me engano, foi com a gente.
Nesse trabalho, deu certo. Eu e o Marcelo participamos desse trabalho, e ele acabou convidando o chefe da cardiologia, o chefe da eletrofisiologia e o próprio PI dele.
Que espetáculo, maravilha. E ele acabou de dar match, hein?
Ah, que demais.
E com isso, já chegamos falando com as pessoas: "Ah, você lembra de mim? Fizemos trabalho juntos". E o pessoal já olhava de outro jeito e perguntava quem éramos.
Já tinha feito o trabalho com o pessoal no serviço onde vocês estão passando agora.
Isso.
Que demais. E, Marcelo, você falou que, passando ali no corredor do hospital, reconheciam os nomes que estavam no seu próprio paper, não é?
Não, então. Além desse paper que o André comentou, que está ainda em uma revista top da eletrofisiologia, temos outros dois papers já publicados com esse pessoal também. Então, foi até engraçado. Estávamos comentando aqui mais cedo, eu e o André, passando no corredor da eletrofisiologia, com a sala dos atendimentos. No final do corredor, tem a sala dos residentes, e passando assim: "Nossa, olha ele aqui, esse cara estava no paper tal". "Olha esse cara que estava no paper tal". Juntando, devem ser umas cinco ou seis pessoas que já conhecíamos, já tínhamos trabalhado juntos por conexão que criamos. Então, quando fomos nos apresentar, dissemos: "Nós somos observadores do Brasil. Meu nome é Marcelo, e o nome dele é André, e gostaríamos de nos apresentar e falar que é uma honra conhecê-lo. Lembramos do paper". E sempre a resposta era: "Ah, são vocês!". Como primeiro ou segundo autor, nossa, ainda estudantes de medicina. Sim, pois é, do Brasil, queremos fazer residência aqui, talvez eletrofisiologia, enfim, esse tipo de conversa. Então, o pessoal já olha para você de outra maneira: "Nossa, eles chegaram aqui já com trabalho com a gente". Não é como eu falei anteriormente, pedindo uma oportunidade, o que também é válido, mas já chegamos agregando valor à equipe do hospital.
A história de vocês é incrível porque ilustra justamente esse ponto que você mencionou, a autonomia. Independente de qual faculdade você está, o nível de treinamento, pode ser no primeiro, segundo ano, no internato, no ciclo clínico, você cria suas próprias oportunidades e, através disso, vai não só publicando os papers, mas fazendo as conexões. Vocês levaram isso a um ponto extremo, de ir para uma das maiores instituições do mundo, a Faculdade de Medicina de Harvard, e trazer toda a experiência de vocês, a habilidade de gerar papers, gerar publicações boas, e usaram isso de maneira muito efetiva para conectar com essas pessoas. Quero perguntar a vocês também sobre essa parceria que têm e com outras pessoas no Meta-Analysis Academy. Imagino que vocês não se conheciam antes, se conheceram ali dentro. Queria que comentassem sobre como essa parceria, especificamente entre vocês dois, a amizade e com outras pessoas, tem sido ponto importante também na carreira de vocês em publicações e pesquisa.
Exatamente. No mês passado, eu estava fazendo um paper de eletrofisiologia, além daquele que já estava envolvido. Como já entendia um pouco mais de como funcionava a área e como fazer as metanálises nessa área, precisava de alguém para me ajudar em uma das funções, que seria a busca dos estudos. Pedi indicações a uma amiga nossa, e ela me recomendou o Marcelo, falou que ele estava muito forte, publicando muito. Mandei uma mensagem para ele, e ele topou participar comigo. E aí começou essa história.
A gente conta essa parceria de vez em quando. O pessoal pergunta como nos conhecemos e começamos a trabalhar nesse projeto específico, que também já está publicado com a equipe aqui do Beth Israel. Deu era coisa de uma ou duas semanas, como não somos eletrofisiologistas, tínhamos algumas dúvidas sobre o que seria low voltage ou scar, coisas assim. Conhecia alguns dos alunos do nosso PI aqui, o Caíque, e mandei mensagem para ele, falando que tinha um paper em andamento, eu e um amigo meu do Meta-Analysis Academy, e perguntando se ele não queria dar uma olhada. Ele chegou, fez uma reunião conosco, achou fantástico as perguntas que fazíamos, como conduzíamos o trabalho até então. Ele ficou superanimado, entrou no projeto, ajudou na parte de conteúdo, no que deveríamos incluir ou não, e contribuímos em diversos projetos até hoje. Devemos ter, o quê? Umas três publicações juntos já, mais umas duas ou três em andamento, e já fomos a congresso, enfim, temos uma parceria bem legal.
É espetacular esse grupo que vocês formaram, as conexões que criaram ali dentro da nossa comunidade. Sei que trabalham com o Caíque, mas também com a Nicole, e tantas outras pessoas boas ali. Esse é provavelmente um dos principais diferenciais do Meta-Analysis Academy: as pessoas boas, que têm ambição de crescer, de evoluir, de ir bem na carreira, se conectam ali dentro de uma comunidade e fazem acontecer os projetos, as publicações e, por consequência, os desfechos positivos na carreira. Falando nisso, André, você já está terminando aí, indo para a reta final da faculdade. Qual é o próximo passo pós-formatura? Para onde você quer levar toda essa sua experiência em publicações? Onde isso vai te ajudar a chegar?
Bom, tudo isso começou com a ideia de fazer residência nos Estados Unidos. Inclusive, no começo da faculdade, acho que no segundo ou terceiro semestre, fui atrás de residência médica nos Estados Unidos e decidi que queria fazer residência aqui. Mas, ao ver, minha faculdade não tinha o Sponsor Note, que é um documento, uma acreditação necessária para poder fazer as provas aqui. Com isso, dei uma certa desanimada, mas mesmo assim, pensei que tinha que fazer alguma coisa para esse propósito. Acabei seguindo várias pessoas no Instagram, várias pessoas que eram desse meio de revalidação, e encontrei o curso intensivo de metas. Vi que isso alinhava exatamente com minhas expectativas e com o que queria para mim. Então, tudo isso girou em torno da residência médica nos Estados Unidos.
Vou aproveitar o gancho do André. O Meta-Analysis Academy é um treinamento que ensina você a fazer o que esses meninos conseguiram na carreira deles, que é fazer pesquisa forte com autonomia, através de revisões sistemáticas e metanálises. Ensinamos método, estatística, escrita científica. E só para deixar bem claro, não garantimos publicações, não fazemos as publicações por ninguém. Ensinamos, damos as ferramentas para você fazer, e as pessoas que se aplicam nesse método conseguem ter resultados extraordinários, como os meninos demonstraram aqui. A história do André é interessante porque ele não conseguiu fazer o Step 1 primeiro porque a faculdade não tinha o Sponsor Note. Aliás, ele está estudando para o Step 1 agora e vai contar para a gente já já. Mas foi uma forma acidental, digamos, que isso aconteceu na carreira dele, mas tem uma enorme vantagem de fazer nesse modelo, porque as publicações são cumulativas e os resultados exponenciais. Então, os meninos estão fazendo há mais de um ano já e têm esses resultados absolutamente impressionantes. E os resultados em metanálise, em pesquisa, não são lineares, são exponenciais. Você vai conhecendo mais pessoas, vai descobrindo com quem se encaixa para trabalhar, vai formando o seu grupo de pesquisa, vai conhecendo mais gente, como os meninos descreveram, pessoas que conheceram aqui nos Estados Unidos e no Brasil, e aí você vai tendo mais resultados. De tal forma que, fazendo pesquisa por mais de um ano, se você tem dois ou três, ou dois, três ou quatro, isso faz uma diferença tremenda no número e no impacto das suas publicações e nas conexões. Pessoalmente, vejo muita vantagem em fazer esse caminho. Matheus Gauss é outro que vem à mente, já fiz meta sessions com ele, Sara Amaral da anestesia também, então, fazendo dessa maneira, você faz as provas com muito mais conforto em termos dos principais componentes da sua aplicação, que são o número e o impacto das suas publicações e do seu currículo. Você, Marcelo, está fazendo o mesmo caminho, né? Fez publicações e ainda não fez o Step 1. Conta um pouco sobre isso.
Exatamente. Uma coisa que o Rhanderson e o André salientaram, que acho muito importante, é essa coisa de começar cedo. Quanto mais cedo você conseguir decidir, falar "Quero fazer residência nos Estados Unidos" ou "Quero aprender a fazer publicações de pesquisa de alto impacto", melhor. Realmente, o que o Rhanderson falou, concordo 100%. O resultado é exponencial, e nós estamos aqui hoje, mas não fazemos ideia de como estaremos daqui a dois, três, quatro anos. Espero que continue sendo essa curva exponencial.
E virou uma coisa automática também. Vocês, agora, têm trabalhos certamente em andamento, seja como primeiros autores ou coautores, e as coisas estão acontecendo enquanto estamos gravando aqui, né? Nos grupos, alguém está trabalhando, tendo uma ideia nesse momento, que vai chamar vocês porque já trabalharam juntos antes. Vocês, no Observership, vão se atentar a novas ideias, então vira uma coisa meio que segue no flow, sabe? Você cria um momento em que é difícil até parar. Imagino que, estudando para o Step 1, estejam vivendo isso, que tem muita coisa boa que poderia estar acontecendo, mas você tem que dar uma freada na pesquisa para poder agora focar no Step 1, concorda? Como está esse estudo aí?
Sim, eu concordo. No meu caso, pelo menos, desde o começo do ano, dei uma parada maior. Estou no meio da faculdade, quero garantir meu sexto ano para depois conseguir fazer clerkships, que têm alguns estágios hands-on, que você, de fato, pode tocar no paciente como se fosse no internato. Você pode ver só no sexto ano da Faculdade de Medicina, e tem algumas instituições que pedem que você tenha feito o Step 1 e o Step 2 no sexto ano para participar do processo seletivo e ser considerado para vaga. Então, dei uma pausa lá para fevereiro, março, estou estudando até então, ainda meio dividido com as metanálises, até com o encontro com o André. Eu brinco que, depois que comecei o metas e vi resultados, você fica viciado. Você quer fazer uma atrás da outra, mandar para congresso, publicar, e é muito bacana porque faz conexões com pessoas, como comentamos, e consegue oportunidades de estágio, networking, que são fantásticas. Então, realmente, parar para fazer uma outra tarefa não é uma coisa muito simples porque fica automático.
Isso é bom, isso é maravilhoso.
Sim. E acabamos entrando nos trabalhos hoje como coautores. Colaboramos com o conhecimento acumulado que agregamos, temos uma visão muito diferenciada de quando começamos. Às vezes, é difícil ver essa evolução enquanto ela está acontecendo, mas se você comparar os resultados, o conhecimento que temos agora com quando começamos, é um abismo a diferença entre os dois. Por isso, a importância de começar cedo, porque você fica muito bom e começa a colher por mais tempo os frutos dessa técnica que desenvolveu, dos grupos, da pesquisa, e tudo isso que fez.
Muito bom. Vamos falar sobre o Observership de fato. O pessoal tem muita curiosidade. Como têm sido fazer esse rodízio lá? Vocês falaram que foi muito bom ali no começo da nossa conversa, mas deem mais detalhes. Em quais serviços estão rodando, que tipo de procedimentos estão acompanhando, com quem, como está sendo lá no Beth Israel nesse rodízio?
Bom, é muito legal falar sobre isso porque é muito realidade. Na primeira semana, acabamos nos adaptando mais. É a primeira vez que venho aqui fazer estágio nos Estados Unidos, conhecer o serviço nos Estados Unidos, então a primeira semana foi mais de adaptação, rodando na eletrofisiologia, vendo ablações, mas também tivemos a oportunidade de ir na enfermaria de cardiologia geral. Então, na primeira semana, conhecemos o serviço. Agora, já estamos mais organizados. Estamos em um lugar mais fixo, onde ficamos na enfermaria de manhã, acompanhando todos os rounds, tentando fazer comentários, fazer perguntas inteligentes e ajudar a equipe. À tarde, vamos ver os procedimentos na eletrofisiologia.
Maravilha. Está gostando, Marcelo?
Perfeito, o André colocou da forma como realmente aconteceu. Chegamos e fomos conhecer o serviço, nos apresentar ao pessoal, entender a infraestrutura, onde fica cada coisa, e agora na segunda semana estamos mais fixos. Fizemos essa dinâmica, essa logística de acompanhar a enfermaria de manhã para poder se destacar melhor, porque ainda somos alunos de medicina. Consegue, por exemplo, sugerir: "Por que não tenta o fármaco tal para esse paciente?", ou "Por que você está fazendo isso hoje e não amanhã?". Coisas nesse sentido que já temos mais vivência na faculdade de medicina, nas práticas de clínica médica, e à tarde vemos os procedimentos, como ablação de fibrilação atrial, implante de marcapasso, oclusão de apêndice atrial. Estamos dividindo dessa forma.
Vale lembrar que, por exemplo, na própria enfermaria, peguei vários casos que encaixavam com trials que acompanhei por causa das metanálises. Buscando ideias, o que fazer, levei várias sugestões e opiniões que realmente faziam sentido e mostrei os trials. O pessoal se impressionou com isso, porque "nossa, estudante de medicina, dando opinião de como deve ser feita a conduta e baseado em evidência". Isso faz toda a diferença.
Maravilha, então você mencionou os procedimentos, Marcelo, ablação. Eu lembro da experiência de passar nesse serviço como residente de cardiologia. Às vezes, ficava um pouco perdido ali, com a complexidade dos procedimentos da eletrofisiologia. Vocês têm aproveitado essa parte também? O pessoal discute os procedimentos com vocês ou é tudo muito na correria ali e vocês vão pegando o que podem?
Sim, então, por conta da experiência com metanálise, já quebramos a cabeça de tanto ler, atrás de trial. Já temos uma noção de como funciona cada procedimento e até uma certa curiosidade em aprender mais para poder escrever o paper. Pesquisamos tanto material em revista científica quanto em empresas, como as de cateteres do pulso do Field, da Medtronic, que colocam vídeo no YouTube mostrando como é feito o procedimento, como é o protocolo sugerido para ablação com aquele cateter. Então, vamos observar, ver como funciona. No caso do pulso do Field, ele faz duas ablações em basket, que é uma bolinha, duas em flower, que é tipo uma florzinha mais reta. Conseguimos entender melhor por conta de já ter feito trabalho nisso e por ter se interessado no conteúdo depois que fizemos o trabalho. Agora, acompanhamos melhor. Claro, eletrofisiologia é um campo muito específico. Então, não é como se aproveitasse 100% como na enfermaria, que entendemos tudo que está acontecendo ali. Na eletrofisiologia, aproveitamos uns 60% a 70%, ainda perguntamos o que estão fazendo. O médico que está fazendo o procedimento explica. Como estamos no centro acadêmico, pessoal tem bastante paciência para explicar, mostrar o mapeamento de voltagem do coração, todo esse tipo de coisa.
Vocês viram muito contraste entre a medicina, a enfermaria, o serviço que estão passando aqui e no Brasil? Lembro que vim no quinto ano da faculdade, semelhante ao André, para Miami durante a graduação. Fiz na UFG, na Federal de Goiás, e cara, achei um contraste absurdo. Miami talvez não esteja no mesmo nível acadêmico que aqui, que a Faculdade de Medicina de Harvard, ainda assim foi um contraste gigantesco entre a disponibilidade de recursos, o uso de evidências para a tomada de decisões. Outra coisa que chamou muita atenção para mim foi o ensino, o ensino muito rigoroso para os residentes. Queria ver como foi a perspectiva de vocês, o contraste da Faculdade de Medicina em São Paulo e no Rio de Janeiro com o que observaram aqui nessas semanas.
Acho que o que mais me chamou atenção foi que, no primeiro dia em que chegamos na ICU, centro de cuidado intensivo, reparamos que cada paciente tinha um quarto específico para ele com uma enfermeira. Isso é uma coisa que, pelo menos, não estou acostumado a ver no Rio de Janeiro, nunca vi no Brasil. Além disso, tem a questão do cuidado também, que é muito presente. Eles são extremamente cuidadosos, tratam os pacientes com carinho. A parte da humanização aqui realmente é bem presente. Então, sim, tem uma diferença, mas a principal diferença que vi aqui, além da questão técnica, é que você está tendo contato com médicos renomados, com uma bagagem enorme. E assim, a gente conhece os fellows, e aí você olha e vê que o cara tem três papers no JACC como primeiro autor, outro tem no JAMA e no Lancet. Então, o pessoal está engajado na pesquisa, está atualizado, ao mesmo tempo que tem essa parte da humanização dentro do atendimento. E a infraestrutura de ponta, você vê cada tecnologia sendo utilizada aqui, o tomógrafo que vê 0,2 de placa na coronária, algo fantástico de outro mundo. É muito bacana porque une a capacidade técnica de todos os profissionais, com a tecnologia mais avançada. Você consegue unir esses componentes, junto com a humanização, para trazer o melhor cuidado para o paciente. Ver isso funcionando é fenomenal, dá muita vontade de vir para cá, para aprender e ter a medicina de ponta, que conseguimos ver nessas últimas semanas.
Sim. E realmente a disponibilidade de medicamentos, de consulta com a equipe, tudo é muito eficiente.
Cordial, né? As pessoas se tratam muito bem, não tem espaço para rancor entre serviços. E a educação também, toda vez que trazíamos uma dúvida, a pessoa parava o que estava fazendo, pegava papel e explicava para a gente.
Mais ocupado que estivesse, eles tentavam encaixar tempo para ensinar. Assim, por mais renomado, com uma bagagem maior, eles realmente explicam e querem que você aprenda, te incluem na dinâmica para entender. Isso foi muito diferente.
Essa conversa trouxe à mente a questão de referências, como isso é importante para nós, né? Vocês estão em excelentes faculdades no Brasil, e ainda assim fazer o Meta-Analysis Academy inseriu vocês numa comunidade onde a média das pessoas é muito boa. Vocês puxam essa média para cima com os resultados que tiveram, mas tanto na questão de camaradagem, de conexões, de colaborações, de cordialidade, e de resultados e publicações, isso vai mudando a referência. Você não consegue mais descer para o mediano. E aí, vem para os Estados Unidos, abre os olhos para o mundo que talvez estivesse oculto. A referência só vai subindo, subindo, conforme você se conecta melhor, vai publicando, vai fazendo Observership. Você não consegue mais não ver as oportunidades que estão disponíveis na sua carreira. Se fosse olhar dois anos atrás, você não imaginava que era possível ter esses resultados, não é mesmo?
Sim, com certeza. É uma curva exponencial. A questão de metanálise e entrar nesse mundo fez toda a diferença na minha perspectiva sobre a medicina em si.
Para mim, é a mesma coisa. Como estávamos comentando, há um ano eu tinha zero publicações, zero em congressos. Acho que o André já tinha uma, porque ele fez o metas seis meses antes, e estamos aqui hoje, literalmente um ano depois de nos conhecermos, com o currículo completamente alterado. Dá para perceber que alguma coisa aconteceu no ano de 2023 na vida do Marcelo, que despontou os números de PubMed, de abstracts e de produção científica. Inclusive, quando vou montar o currículo, está tudo lá, 2023, 2024. É impressionante. Tudo começou ali, teve algum ponto, alguma coisa aconteceu.
Boa, muito bom, vocês estão de parabéns. Como vocês têm esse reconhecimento local, André, lá na faculdade, Uninove, né? O pessoal te reconhece assim, "legal, o André Rivera, o cara da pesquisa". Você tem esse reconhecimento?
Tenho, principalmente dos professores que estão por dentro de pesquisa. Tenho vários professores que têm iniciação científica, são professores doutorados, e eles se impressionam desde o começo, quando já trazia os trials para discussão. Eles já achavam o máximo. Aí, quando vim para cá, criamos uma relação de amizade e admiração.
Muito bom. Lá no terceiro ano da UFRJ, você é o cara da pesquisa também, Marcelo?
Sim, sim. Tanto quanto o André falou, os professores e coordenadores também valorizam bastante. Tem coordenador específico que diz: "Nossa, você vai ser grande pesquisador, continua nesse caminho, tenho muito orgulho de você, vai nessa". Tem pessoas que se orgulham bastante, tanto professores quanto pessoal da administração, mas também os alunos. Não necessariamente só da pesquisa, o André está um pouco mais focado na cardiologia, então, "é o cara da cardio". Se vai ter alguma pergunta sobre alguma inovação, novo fármaco, prova de farmacologia de cardiologia, sorteio de enfermaria de cardiologia, sempre pensam no Marcelo, não é porque fico falando que sou da liga de cardiologia, nada disso, é porque faço trabalho em cardiologia e o pessoal percebe. Essa visibilidade vem por causa desse aprendizado de fazer essas pesquisas na área.
Tudo o que estamos falando aqui é replicável em outras áreas. Os meninos têm esse interesse forte em cardio, mas já trouxe aqui a Juliana, que fez isso na neurologia. Tem o time da anestesia no Meta-Analysis Academy, pessoal da neuro muito forte também, cirurgia, muitos de nossos alunos estão fazendo ou fizeram Research Fellowship na área cirúrgica, aqui em Boston. Isso é replicável em todas as áreas, independente do seu nível de treinamento. O André está aqui no terceiro ano, perdão, o Marcelo no terceiro ano, mas temos alunos que, no primeiro, segundo ano, já começaram a fazer essas conexões. Lembro do Arthur Petruch, segundo ano de medicina lá na Paraíba, convidou o preceptor da USP, da psiquiatria, para colaborar no trabalho dele. Isso é replicável em escala, independente do seu nível de treinamento e da faculdade onde você está. Pessoal, como está sendo essa experiência em Boston? Gostaram da cidade? Como foi a adaptação aqui? Primeira vez de vocês na cidade para fazer esse Observership?
Foi a primeira vez. A cidade é acolhedora, muito bonita, mas agora que é verão, não esperava que fosse tão quente assim. É quente, mas muito ensolarado, bem sincero.
É espetacular essa transformação. Marcelo, o que é pior? O verão do Rio ou o verão de Boston?
Acho que vou discordar do André aqui, está fresco, pô. Está suave, no Rio de Janeiro é muito mais quente o ano inteiro. Imagino que Palmas, lá no Tocantins, também seja assim, nem se compara. Aqui está fresco, ando de casaco.
Vamos trazer o André aqui em dezembro e janeiro, ele vai sentir saudade do verão.
Com certeza.
Bom, realmente o clima em Boston é muito tradicional americano, as estações são muito bem definidas. O verão é quente, quente mesmo, talvez não igual ao Rio de Janeiro e Palmas, mas agorinha, no final de setembro, já vira outono, tudo fica marrom, e depois dezembro, aqueles quatro, cinco meses ali num frio absurdo. Estamos aqui no TD Garden, a casa do Boston Celtics e do Boston Bruins, o time de hóquei também. Conseguiram aproveitar um pouco da cidade? Além dos Observerships, das metanálises, de estudar para o Step 1, conseguiram aproveitar a cidade nesses dias aqui?
Sim, chegamos, como dissemos, tem duas semanas. Aproveitamos um pouco mais no final de semana, que ainda não tínhamos as obrigações dentro do hospital. Conhecemos a Boston Public Library, fantástica, muito bonita, legal de estudar ali dentro. Tem essa atmosfera que propicia o estudo. Conhecemos a Newbury Street, cheia de comércio, lugar legal, Prudential Center, enfim, demos uma volta pela cidade, conhecemos o campus da Harvard Medical School, MIT, pontos turísticos da cidade. Ainda tem bastante coisa para conhecer, talvez ver algum jogo de algum esporte aqui, algum show que rola aqui no TD Garden, mas ainda não arrumamos tempo.
Maravilha, André?
Pô, é fenomenal. Gostei muito da comida daqui, tem muito restaurante bom. Fomos a muitos restaurantes aqui, então gostei muito da parte gastronômica também.
Legal, maravilha. Para a gente encerrar, conta um pouco como é o apoio familiar de vocês para esse projeto de pesquisa, publicações, Observership, residência médica nos Estados Unidos. Imagino que vocês tenham o apoio da família, mas, além disso, como tem sido esse impacto para os pais, para as pessoas que te acompanham, amigos, vendo vocês terem sucesso tão rápido nessa jornada, nessa carreira, por enquanto, de estudante de medicina e agorinha médicos. Como tem sido isso no ambiente pessoal, familiar e com amigos?
Meus pais são médicos, e é muito engraçado porque, antes de eu entrar no metas, conversei com meus pais, e meu pai pensou: "Não é a hora, você está muito novo para fazer pesquisa, vamos deixar para depois". Aí minha mãe o convenceu. E, depois de uns meses, ele mudou totalmente de ideia. Mesmo estando no ciclo clínico, deu para fazer muita coisa, deu para fazer tudo de pesquisa, impossível. Então, é um ponto importante que gostaria de falar, quanto antes puder fazer, melhor. Em relação a como eles se sentem com a produtividade, com os resultados, "orgulhosos" é a palavra que define. Eles ficam muito felizes de me ver aqui, toda publicação que faço, mostro para eles e ficam extremamente contentes por ver essa evolução na carreira e realmente o quanto isso foi rápido. Realmente, também em questão de primos, todo mundo me chama, pergunta como é, tenho alguns primos que fazem medicina, sempre me contatam perguntando como é tudo.
E você, Marcelo?
Lá na minha família, não é diferente. Meus pais não são médicos, mas ambos fazem pesquisa, têm doutorado, tanto meu pai quanto minha mãe, e eles me apoiam em tudo. Graças a Deus, tudo no processo de se concluir completo, mas tem a parte da pesquisa, e eles têm muito orgulho. Então, a cada congresso, a cada publicação, dois, três, cada hora que faço, celebram junto, parabenizam, super orgulhosos. Eles realmente prestam atenção, não só meus pais, mas até minha avó segue no Instagram, fica curtindo os posts, já conhece o Rhanderson, fala: "Você vai hoje lá com o Rhanderson?", "Vou com o Rhanderson, vó". Então, já tem esse impacto na minha família, que já enxerga que faço pesquisa com pessoal dos Estados Unidos, e a pessoa que olham é o professor, o Rhanderson. Então, tanto meus pais quanto meus avós, como o André falou, também meus primos. Tenho primo que está no primeiro ou segundo ano do ensino médio, estava pensando em fazer medicina, aí passou para Federal, quer medicina, estava meio assim de estudar, mas quando vai lá em casa para conversar, saber como funciona, com publicações nos Estados Unidos, ano passado em Filadélfia, esse ano em Atlanta, agora o Observership em Harvard, ele está: "Nossa, vamos conversar, vamos marcar, vamos marcar". Está doido, quando voltar para o Brasil, vamos marcar essa conversa para trazer ele para cá, passar em uma Federal no Brasil e poder virar novo aluno do intensivo de metas e vir para cá.
Transformar a carreira também. Muito bom, fico muito feliz com esse reconhecimento de vocês, e quero aproveitar e dar um recado para todos os alunos do Meta-Analysis Academy, que sou muito grato a todos pela parceria, pela colaboração, por confiarem em mim. Fico muito feliz pelos resultados, pelo impacto na carreira de vocês. A maior alegria profissional minha hoje é ver não só as publicações, mas o impacto que isso traz na carreira das pessoas. É o maior orgulho do mundo ver vocês fazendo Observership aqui, outro conseguindo mestrado, doutorado, todo ano, em março, tem o match, e ver os alunos do Meta-Analysis Academy que tiveram o match em residência médica nos Estados Unidos. Então, tenho muita gratidão a toda a equipe que me apoia, vocês mesmos ajudam muitas pessoas na comunidade. O André é nosso mentor também, então sou muito grato a todo o time e a todos os alunos por tornarem esse sonho possível. Tenho uma história que queria contar antes de acabar, que é a história do ACC, American College of Cardiology, como do nada vocês tiveram o projeto e mandaram para esse congresso. Contem essa história, por favor.
Bom, estávamos faltando alguns dias para o prazo final do American College of Cardiology 2024. Fizemos isso em setembro do ano passado. Eu e o André estávamos em uma dessas reuniões para discutir projeto e tal, para fechar de fato o que íamos mandar para esse congresso. Tínhamos o terceiro ensaio clínico de desenho de estudo, chamado Vivek Reddy, também para fibrilação atrial com o pessoal aqui do Beth Israel, que acabou entrando no projeto. Aí eu falei: "André, o que você está fazendo agora, cara?". Era umas onze e meia da noite. Ele respondeu: "Marcelão, não estou fazendo nada". Eu falei: "Cara, também não estou fazendo nada, vamos começar a fazer?". Ele falou: "Bora". Começamos a fazer a triagem. Não eram tantos estudos como em outras metanálises, então foi uma triagem mais tranquila. Fizemos a busca e triagem dos estudos nas bases, selecionamos, coletamos os dados, fizemos a estatística, enfim. A estatística, quando você aprende no Meta-Analysis Academy, você faz com uma certa facilidade. Fizemos o abstract, mandamos para o pessoal de pesquisa para colaborar, como Dr. Vivek Reddy, o pessoal aqui do Beth Israel. Enviamos. E, meses depois, o trabalho já está publicado em uma revista, com duas ou três pessoas do Beth Israel.
Essa foi uma das histórias desses papers, que tivemos um estalo na hora e falamos: "Pô, vamos fazer? Não estou fazendo nada", "Também não estou", e começamos. Uns três, quatro dias depois, o paper estava finalizado, com pessoas de peso dentro do trabalho.
É interessante, porque a timeline desse projeto foi em questão de dias. Não foi semanas. Fizemos em uns dez dias. O abstract foi uns três dias e o paper completo, uns dez. A parte que mais demora é a parte da revista e da revisão, que entendemos perfeitamente, o pessoal é muito ocupado. Fazemos o mais rápido que podemos, nossa parte, para delegar ao pessoal e conseguir publicar.
Demais, sensacional. E você, André, apresentou uma apresentação oral no ano passado ou foi pôster?
Foi pôster, no Europeu.
No Europeu foi pôster. Maravilha, muito bom. Então, European Society of Cardiology, American College of Cardiology, American Heart Association, você também teve trabalho de nefrologia, não foi?
Sim, tive título de nefrologia e de gastroenterologia.
Maravilha. Muito bom. Esses são os resultados espetaculares, não só em termos de publicações e pesquisa, mas na carreira, por enquanto, que são só os primeiros capítulos de André Rivera e Marcelo Braga. Vocês vão ver os nomes desses gigantes na cardiologia, quem sabe na eletrofisiologia, também em guidelines, em papers, além de metanálises. Algo que não abordamos hoje aqui é que a metanálise é a porta de entrada, mas esses meninos não vão parar de fazer pesquisa. Eles vão se conectar com essas pessoas, fazer estudos epidemiológicos, talvez ensaios clínicos randomizados, vir para os Estados Unidos fazer residência e continuar fazendo pesquisa. Então, a carreira deles vai deslanchar de forma inimaginável, e o começo foi a revisão sistemática e metanálise.
Esse foi o Metacast contando a história de André Rivera e Marcelo Braga. Palavras finais, Marcelo?
Bom, queria agradecer ao professor Rhanderson por ser o moderador aqui, nos convidar, nos ensinar dentro do intensivo de metas essa habilidade extremamente valiosa, que pode te levar a lugares fantásticos. Agradecer aos meus colegas, meus amigos que fizemos nessa jornada, o Andrezão aqui, a Nicole, o Caíque, a Mariana, enfim, todo mundo que já trabalhou junto. Muito obrigado, vocês fazem parte dessa história. Tenho muito carinho por vocês. Se pudesse dar um recado ao pessoal que está em casa, que está em dúvida no que quer fazer, eu falaria: decida, quanto mais cedo, melhor. Assim, você tem mais tempo para acumular publicações, fazer contatos. Faz uma diferença muito grande começar no segundo ano de medicina, terceiro, ou no quinto, que está mais no final. Essa seria minha dica para vocês.
Valeu, Marcelo. André?
Eu novamente agradeço o convite, muito obrigado. E também gostaria de avisar que tem muita gente que, como eu, a faculdade não tem tanta iniciativa à pesquisa, não ensina tanto as bases da pesquisa. Comecei o curso sem nada, e conheço muita gente que entra em contato comigo e pergunta: "O que preciso saber para entrar no curso, no Meta-Analysis Academy?". E eu comecei sem nada, então acabo sendo um exemplo do que dá para ser feito a partir do mesmo ponto que eu.
Maravilha, espetacular. Parabéns, Marcelo. Parabéns, André. Pessoal, se você está assistindo ao Metacast, não deixe de conferir os outros episódios, escutando outras histórias incríveis como a do Marcelo e do André. Tem também o Metacast em inglês, então aproveite para evoluir no seu inglês, confira os episódios, tem no YouTube, no Spotify, em todas as plataformas de podcast. Também aproveite para fazer a próxima turma do Meta-Analysis Academy. Vai lá no Instagram ou associado a esse podcast aqui tem link onde você pode fazer a matrícula ou entrar na lista de espera para a próxima turma. Vai ser um prazer ter você conosco na comunidade do time Meta. Marcelo, André, muito obrigado. Esse foi o Metacast Carreiras de Sucesso, o podcast do Meta-Analysis Academy. Abraço.