ESG na Indústria do Vinho
Pósgraduação unicinos.
Speaker 2:Olá pessoal, eu sou o professor Vitor Griemberg e estamos começando agora o nosso podcast Origens do ESG, dos aprofundamentos da temática O Que Não É ESG da nossa disciplina de ESG na indústria do vinho. Hoje temos a grande oportunidade de conversar com ela, a professora Villian Blast, ela é bacharel em comunicação social de relações públicas como estado e doutorado em ciências sociais e antropologia pela PUC São Paulo, pósdoutorado no programa de cidades globais no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, e mobilização de sociedade civil na implantação de políticas públicas com ênfase em advocacia. Ela é pesquisadora colaboradora no centro de síntese da USP Cidades globais, atua também no grupo de acompanhamento e estudos em governança socioambiental da USP, é professora titular na FAAP, professora e orientadoras de TCC no Centro Universitário Belas Artes, professora no curso de master em tendências e estudos do futuro da ESPM e se dedica aos estudos de diversidades culturais e pensamento complexo das relações entre advoca se ativismos e ação da participação social dos coletivos na cidade, educação sustentabilidade aprendizagem social pendências em consumo responsável e antropologia do consumo. Ela é coidealizadora dos cidades afetivas, conselheira gestora do CadesPark, Parque Leopoldina Orlando Villas Boas e artista, com diversas produções visuais relacionadas ao meio ambiente e sustentabilidade.
Speaker 2:Currículo impressionante quase tão impressionante quanto as coisas que ela vai falar pra gente hoje, então Vivia muito obrigada pela sua participação conosco.
Speaker 1:Olá pessoal Vitor muito obrigada agradeço sempre bom né compartilhar pouco do que a gente vai acumulando de conhecimento com as pessoas que estão aí engajadas com a demanda do ESG.
Speaker 2:Vivian queria começar te perguntando 1 pergunta bem introdutória, pra quem está se adentrando nesse mundo do ESG. Nessa primeira parte da disciplina eu falei pouco sobre o que é e o que não é esse conceito. Será que você pode fazer panorama sobre a evolução do ESG?
Speaker 1:Claro Vitor com certeza bom, eu vou falar pouco né do ESG0 que que é essa sopa de letrinhas né? É SG0E, ele está relacionado com a questão do. O s está relacionado com o social ou seja a parte social. E0G com a governança então o que que acontece com essa perspectiva que coloca a partir de 2004, essa sopa de letrinhas né, pra poder funcionar. Nós temos o relatório hols cares Wins do Pacto Global, que foi 1 parceria né, junto com o Banco Mundial, aonde foi definido pela primeira vez essa demanda.
Speaker 1:Por que que essa demanda é tão importante do ponto de vista das empresas, da organização e da sociedade civil? Justamente pra que, as instituições participantes dessa temática, dessa demanda que são as instituições financeiras que integram né, interagem com a sociedade, elas também são corresponsáveis pela construção desse futuro comum que todos nós desejamos, que é futuro aonde a gente tenha mais bem viver, mais saúde, desenvolvimento de negócios, aonde as pessoas possam viver, de 1 maneira equitativa com segurança, e essa segurança ela vai além das questões que estão relacionadas só com a questão ambiental, ela envolve questões por exemplo como a saúde, como a questão da segurança alimentar, como a questão do direito relacionado aos recursos humanos ou seja, o ESG ele vem pra atender projeto que está relacionado à demanda da sustentabilidade, é daí que surge esse esse conceito pra que empresas, organizações e o mundo pudesse de fato entrar dentro dos critérios ambientais, sociais e de governança, inclusive para os critérios de investimentos porque quando a gente está falando de ESG nós estamos falando também da parte econômica, da parte financeira, quem é que paga essa conta não é mesmo Vitor?
Speaker 2:Exatamente. E desde que surgiu fazem mais de 20 anos que e desde que surgiu fazem mais de 20 anos que essa sopa de letrinhas vem permeando meio corporativo empresarial. Olhando pra esses últimos anos você acha que a pandemia acelerou a reflexão sobre a importância desses elementos que você pontuou?
Speaker 1:Sem dúvida alguma, acelerou e esse ano Vitor eu queria aproveitar pra falar especialmente do Brasil porque é ano emblemático e estratégico que pode colocar o Brasil definitivamente na liderança da pauta que tá relacionada à sua sociobiodiversidade, ou seja, agenda de 1 construção para o Brasil até a COP 30, que vai ser realizada em Belém, para que o Brasil tenha de fato protagonismo em liderança sócioambiental. Com isso nós estamos falando de protagonistas que estão relacionados por exemplo, com a demarcação de terras indígenas, com o combate ao racismo, com a educação ambiental, com o combate ao desmatamento ilegal, com a governança ambiental, com a redução das desigualdades, com a transição para a economia verde, com a valorização da biodiversidade, valorização da nossa cultura, do comércio justo e sustentável, inovação e tecnologia, comunicação internacional, cooperação internacional. E por que que eu estou falando de desses pilares como a história de que por que que depois da pandemia acelerou? Porque de novo nós estamos falando do sistema capitalista que está em recuperação e essa recuperação ela diz muito sobre como é que nós vamos dirigir a nossa atenção, o nossos esforços não só pra criação de políticas públicas que possam caminhar nessa direção da sustentabilidade planetária, mas também com ações locais.
Speaker 1:Esse material inclusive eu queria até deixar pra vocês é 1 pesquisa que foi realizada, por encomenda do próprio governo federal, que intitulada como o Brasil que o Brasil quer ser, caminhos para novo ideal de país. Essa iniciativa ela é 1 iniciativa especial da COP 30 que visa construir qual é a percepção que os estrangeiros têm a respeito do Brasil, que os brasileiros têm a respeito do Brasil pra que a gente possa projetar definitivamente a nossa reputação em relação ao que nós queremos ser em projeto país. Muito legal. Você acha que as pessoas elas têm se engajado mais com esse aspecto do
Speaker 2:consumo sustentável? Porque olhando pra esse panorama que você trouxe a tendência as empresas as empresas a continuarem expandindo aderindo mais a 1 agenda ESG robusta, estruturada, pensada pra atingir fim muito expressivo e que vai pra além do marketing?
Speaker 1:Olha não tenho a menor dúvida Vitor, acaba de sair também quentinha aí publicado no Jornal da USP resultados já da minha pesquisa que está relacionada aos cidades afetivas. Dos aspectos que eu tenho trazido, é sempre a reflexão sobre a saúde mental, a saúde e o cuidado com as pessoas não existe ESG se a gente não tem centralidade nas pessoas não existe produção e consumo sustentável, se a gente também não está percebendo e dirigindo essas essas atenções para as pessoas né, então eu costumo dizer até nas minhas aulas de marketing que o marketing ele só pode ser sentido no coração das pessoas, Mas veja o marketing o marketing também é sobre a atitude e o comportamento das pessoas então é momento muito relevante aonde a gente começa a ter essa questão né da saúde mental, da saúde integral, das pessoas se preocupando com o seu bemestar, todo o mercado de Wellness que está abrindo portas pra que nós tenhamos, empreendedorismo pautado com essa de com essa questão que dá o acesso e a restrição ao consumo, então por exemplo no caso desse movimento por produtos orgânicos, produtos que não fazem testes em animais, produtos que estão visando 1 nutrição funcional, está certo?
Speaker 1:Então quanto mais nós tivermos pessoas engajadas e conscientes em relação a que todas essas questões da forma como a gente se alimenta, a forma como a gente cuida das nossas relações, a forma como a gente trabalha, a forma como a gente dirige a nossa atenção cotidianamente, sem dúvida alguma a gente tem aí ponto que pode transformar definitivamente nos colocar nessa rota, relacionada à questão do ESG, por conta da COP 30 e por conta da mudança do Zeitgeist ou seja, desse espírito contemporâneo, das pessoas sentindo no próprio corpo os efeitos que estão relacionados à ansiedade climática, à crise climática, a você não ter as horas de sono necessária pra você suprir inclusive a sua reposição de hormônios que são responsáveis pelo nosso bemestar físico, a exposição aos ao sol por exemplo, a prática de atividade física ou seja todo esse, quanto mais se fala desse assunto na imprensa, nas redes sociais, mais as pessoas vão tomando essa consciência e elas começam a fazer o quê? Incorporar essa nova demanda de comportamento de consumo e com isso as marcas e as empresas que tiverem os seus produtos atendendo a essa demanda, elas sem dúvida alguma vão ganhar competitividade e muitos outros mercados afinal de contas tudo passa pelas pessoas.
Speaker 2:Eu acho que essas considerações elas não são desprezíveis eu acho que é todos os nossos alunos que vão ativamente engajar nesse mercado tem que levar isso em consideração, pra pensar como ser agente de transformação dessa agenda ESG. Mas queria dar 1 leve inflexão porque dos pilares que ancora a sociedade civil com a agenda 20 30 são os objetivos de desenvolvimento sustentável. Já que a gente está falando tanto sobre o papel da pessoa, você acha que as pessoas entendem que essas metas são 1 responsabilidade compartilhada entre todos os stakeholders, entre nós, as empresas e os governos?
Speaker 1:Olha eu diria que se a gente for olhar para os números talvez a gente possa passar por momento meio assustador por exemplo quando a gente pega o dado relacionado a alinhamento básico é 1 prioridade ela já está na partir do Novo Marco legal né, aqui no Brasil, na agenda dos municípios pra que a gente possa devolver essa saúde pras pessoas, mas existe fator positivo né apesar do conceito essa sopa de letrinhas também 0DS não está totalmente internalizada nas pessoas as pessoas intuitivamente já fazem isso de alguma forma né? Por quê? Porque nós ainda temos a esperança, nós somos ainda o Brasil da esperança é isso que está dentro desse relatório sobre a percepção dos brasileiros né? Então nessa pesquisa por exemplo Vitor, o sentimento do Brasil em relação ao como os brasileiros percebem o Brasil, 45 por 100 são esperançosos né? Então significa que essa esperança passa pela atitude.
Speaker 1:O que que é essa atitude como cotidiana? A forma como a gente compra, a escolha de como a gente por exemplo dirige a nossa atenção durante a o nosso cotidiano, qual é o deslocamento que a gente escolhe na cidade, as pessoas estão muito mais atentas em relação a tudo que está relacionado ao consumo responsável, então se o produto faz mal, se ele é testado em animais, tudo isso está lá na ODS que está relacionado à produção e consumo responsável. Assim como eu falei pra você também a questão do saneamento básico que também está lá na ODS que está relacionada à água né, à questão da infraestrutura disponível ou seja, não necessariamente as pessoas vão fazer 1 ligação direta mas elas já estão conscientes porque elas têm nos seus smartphones acesso à informação e elas sabem do que que elas precisam e o que pra poder sobreviver e ter 1 vida com 1 qualidade de vida melhor do que já tivemos no passado, afinal de contas o Brasil é referência por exemplo em políticas públicas, a gente tem exemplo belíssimo que é o SUS, nosso Sistema Único de Saúde então Vitor assim, por isso que eu queria deixar essa mensagem que o Brasil ele pode seguir esse terceira via, que é a terceira via do caminho, pra liderar nessa nesse protagonismo global, que é 1 potência ambiental, ou seja, ninguém economicamente no mundo ocupa este lugar, e nós temos tudo pra poder ocupar este lugar em função da da nossa abundância de biodiversidade, a nossa matriz energética ser absolutamente limpa, ela o rigor da aplicação dos requisitos ambientais das atividades econômicas ou seja, nós somos país capaz de incentivar e protagonizar do ponto de vista global, esse lugar que ainda não é ocupado por outras potências mundiais.
Speaker 1:O Brasil é potência Vitor.
Speaker 2:E pra finalizar essa parte da nossa conversa eu queria perguntar o que que você acha que é o principal legado, qual é a centralidade, quando a gente pensa nessa questão da preservação ambiental e social. O que que a gente está buscando com essa abordagem?
Speaker 1:Olha essa abordagem ela é bem estratégica porque na verdade o que que é o Brasil se a gente pudesse olhar? O Brasil ele não existe sem as pessoas e ele é justamente essa combinação entre natureza e os nossos movimentos de luta, tanto da como eu mencionei pra vocês a reivindicação à Terra, a reivindicação que está relacionada com a questão indígena, né, o movimento negro, todas essas lutas, né, ela está junto com 1 agenda global que está buscando o quê? 1 sociedade que possa caminhar para 1 cultura de paz, para 1 cultura ambiental, né, e também para caminhar com o desenvolvimento econômico que seja sustentável, né do ponto de vista tanto da economia local quanto a conexão com o global então nós temos aqui realmente essa chance de inovação Vitor porque inovação não é só tecnologia a inovação também está nas pessoas.
Speaker 2:Com certeza eu acho que a a evolução constante desse assunto ela aponta justamente pra importância. Tentando juntar essa intersecção entre ESG e as ODS's, você acha que tem 1 evolução conforme a gente se aproxima aí do prazo da agenda 20 30? Pra que novos contornos desse debate surjam nos próximos anos, vocês têm estudado bastante o tema, vê 1 evolução dessa agenda pra 1 nova pauta consolidada ou a gente vai abrir novos flancos do assunto e criar novas agendas?
Speaker 1:Eu acho que a criação de novas agendas é natural mas a centralidade da agenda sobretudo para o Brasil ela ela está pautada da agenda sobretudo para o Brasil ela ela está pautada pra redução do racismo, redução das desigualdades, a redução da violência, a questão da do controle da exploração da nossa floresta através de 1 exploração que possa não só privilegiar né, a poucos interesses mas trabalhando com a nossa sócio biodiversidade, então eu vejo sim 1 evolução, mas ainda há muito a ser feito Vitor, então essa evolução ela vai depender não é de fato só da vida cotidiana de cada indivíduo, ela também é muito importante, mas ela depende mais ainda de cada compreender que tem o seu papel de liderança e influência nos grupos ou seja todos nós somos influenciadores, só que talvez a gente não se dê conta mesmo que a gente influencie numa esfera micro, como é que por exemplo dentro das suas redes de relacionamento, você pode puxar esse esse assunto da agenda 20 30 ou do da questão né da questão climática ou das melhores escolhas que a gente possa ter em relação a determinado uso de produtos e serviços. Nós somos pioneiros em muitas coisas, 1 delas por exemplo é quando o mercado disponibiliza a os as embalagens reutilizáveis, né, a o nosso etanol que é combustível mais limpo que é premiadíssimo né internacionalmente então assim, eu acho Vitor que talvez o que a gente precise fazer é se apropriar mais das narrativas boas que o Brasil venceu e construiu, e que apesar das nossas questões que estão relacionadas às nossas mazelas sóciopolíticas e ambientais, nós ainda temos ativo muito importante que está relacionado à cultura de paz.
Speaker 1:Nós não somos país com problema relacionado a conflito geopolítico por exemplo então, isso já nos coloca numa posição de competitividade muito muito emblemática por conta também do nosso do nosso passado relacionado à diplomacia né? No o Brasil é país da diplomacia ele é reconhecidamente tanto internacionalmente né pelos nossos pares como internamente como grande ativo grande valor. Se a gente traz isso pra questão da agenda 20 30 isso já nos coloca ali dentro do ODS por exemplo paz e justiça que fortalecem as instituições pra que a gente possa adentrar caminho futuro cada vez mais sustentável.
Speaker 2:Perfeito Vivian queria te agradecer e convidar pra ficar mais pouco com a gente, vamos continuar essa discussão no nosso segundo podcast, agora olhando pra fragilidade da implantação das políticas ESG com a conversa sobre ESG além do marketing. Então você que já viu a nossa videoaula sobre o que não é ESG e já leu a parte correspondente no hub Leitura já vai pro nosso podcast. Se você não fez isso corre lá e depois volta pra mais da nossa conversa com a nossa professora Vivian Blasto, Até mais.
Speaker 1:Até mais Vitor, obrigada pela conversa vamos lá vamos continuar essa conversa.
Speaker 2:Pósgraduação Unisinos.