O PodCast do Meta-Analysis Academy
Olá pessoal, sejam muito bem-vindos ao MetaCast, o podcast do Meta Analysis Academy, aqui é Rhanderson Cardoso. Hoje eu tenho a honra de receber comigo aqui André Zimermann e Ana Laura, o Power Couple cardiologista e reumatologista aqui, nós vamos falar sobre carreira de pesquisa e assistência no Brasil, Estados Unidos, eles que vão agora voltar pro Brasil tem muita coisa bacana pra gente discutir aqui. Antes de passar a palavra para os nossos convidados, eu quero explicar o que é o Metacast, o Metacast, o podcast do Meta Academy, é uma sessão para discutirmos carreiras de sucesso, pessoas que no seu nível de treinamento, na sua fase da carreira, têm se despontado como lideranças com carreiras de sucesso. E hoje, eu fico muito feliz em receber aqui André Zimermann e Ana Laura. Vamos começar com apresentações, Ana, por favor.
Então, eu sou a Ana Laura, eu sou do Rio Grande do Sul de Porto Alegre, sou reumatologista e uma breve introdução sobre enfim minha carreira que depois a gente pode explorar mais os pontos. Então, eu fiz a faculdade de medicina na UFRGS, né, federal lá do Rio Grande do Sul, me formei em dois mil e dezesseis, comecei a residência direto depois de me formar entrei na residência de medicina interna, fiz os dois anos de medicina interna no hospital de clínicas que é o hospital vinculado à UFRGS, depois passei pra Reumato também no Hospital de Clínicas, fiz os dois anos de residência lá no Hospital de Clínicas de Reumatologia e aí me formei e fiquei basicamente ano e meio trabalhando, mas na parte de assistência, entrei também pra ser da residência médica do Hospital Moinhos de Vento e nesse meio tempo surgiu a possibilidade, a oportunidade que depois a gente vai explicar pouquinho mais de fazer o fellow aqui e, então, a gente veio para cá em julho de dois mil e vinte e dois e ficamos aqui, fiz aqui o meu research Fellow, então, na reumatologia no Bet Ishrow, que é o hospital também vinculado, né, a Harvard Marical School e agora estou terminando, na verdade terminou faz uma semana, o fellow e pronto pra voltar pra Porto Alegre no Rio Grande do Sul.
Que jornada. Vamos explorar esses detalhes aí. Quanta coisa boa. André? Bom, primeiro obrigado, Anderson, pelo convite de trazer a gente pra cá.
É muito bacana poder estar aqui como casal, falando pouquinho das nossas histórias, ainda mais contigo, cara que é além de a gente admirar pra caramba é super amigo, então obrigado pelo convite. A nossa história começa meio parecida, a gente entrou na mesma faculdade, na UFRF lá no Rio Grande do Sul. Eu estava ano na frente e fui pro Ciência em Fronteiras aqui nos Estados Unidos, por conta disso caímos na mesma turma, então aí a gente começou a ficar amigos, entramos na mesma residência de medicina interna e aí a gente começou a ficar mais do que amigos, e terminamos a residente de medicina interna, ela entrou na reumatologia, eu fui pro doutorado da cardio, entrei na cardio ano depois, nesse momento a gente já estava namorando e, apesar de ter começado na mesma faculdade, ela foi enveredando mais pro lado da assistência e o mais pro lado da pesquisa, embora sempre com algum certo overlap das duas partes. E quando eu terminei a residência de cardio e o doutorado de cardio, que a gente teve essa ideia de vir aqui pra fora pra se especializar mais, fazer o fellowship, e aí viemos pra cá em dois mil e vinte e dois e aí começa a história que a gente vai falar a partir de agora.
Maravilha. E eu também vou me apresentar rapidinho, se você não me conhece ainda meu nome é Hunderson Cardoso, eu sou cardiologista clínico e faço pesquisa também aqui em Burgamer Womans Hosppew, a faculdade de medicina de Harvard. Importante ressaltar que esse podcast Metaanalysis Academy não tem filiação com as instituições à qual estamos afiliados académicamente. As opiniões aqui são exclusivamente nossas. E o Metaanalices Academy se você ainda não conhece, é programa de treinamento em revisões sistemáticas e metaanalysis de altíssimo nível, que ensina métodos, estatística e escrita científica de metaanalysis.
E esse programa, pra deixar bem claro, não garante publicações, não faz publicações pelos nossos alunos, nós treinamos em alto nível os nossos alunos em fazerem essas esse tipo de publicação. Pessoal, quero começar aqui esse nosso batepapo com o André, você mencionou ciências sem fronteiras, e venha em mente aqui começar por esse tópico, porque da nossa geração tem muita gente que teve essa oportunidade específica, infelizmente até onde eu sei não não é mais uma uma possibilidade tão fácil assim, mas vamos falar do valor que teve na sua carreira de vir para os Estados Unidos por algum tempo. Conta quanto tempo você ficou e e como que isso te ajudou na sua carreira em frente. Perfeito. Quando eu terminei a os primeiros dois terços da graduação estava entrando no internato, surgiu essa oportunidade de vir fazer o Ciência em Fronteira.
Ciência em Fronteira, então pra quem é da geração mais nova do que a nossa, foi programa que mandou muitos estudantes brasileiros de graduação, pósgraduação pro exterior pra fazer tipo de de programa de intercâmbio basicamente. Então eu apliquei pra esse programa, fui aceito na Colômbia em Nova Iorque, então eu passei o ano inteiro na Colômbia como underground, eu tinha aula de college, eu não estava na faculdade de medicina. Eu estava fazendo cadeiras de neurociências, de biologia, de estatística. E inicialmente, saber que eu ia pra lá e não fazer medicina foi pouquinho frustrante e no fim eu acho que foi completamente o oposto. Porque me abriu a cabeça de tal forma.
Lá, eu basicamente não tinha amigos médicos, lá meus amigos eram engenheiros, eram programadores, eram biólogos, então me fez sair muito da caixa, e durante a faculdade de medicina a gente basicamente convive com pessoas que fazem a mesma coisa que nós, o mesmo curso que nós. E ali me abriu a cabeça de tal forma de estar morando em Nova Iorque, numa faculdade de ponta, convivendo com pessoas que eram as melhores no que elas faziam, pessoas vindo de várias partes do Brasil, várias partes do mundo, foi algo que mudou muito a minha forma de pensar a partir dali, me abriu muito a cabeça pra uma série de coisa. E além disso, durante período de férias que eu tive lá, eu fui pra pra Duck, pro Duck Clinical Research Institute fazer programa de Clinical trials, de pesquisa clínica, aí sim em cardiologia, e foi a primeira vez que eu tive acesso à Clinical trials numa escala muito muito muito maior do que o que eu vinha fazendo no Brasil, foi quando eu comecei a me comecei a focar mais ao longo da minha carreira. Então, essa experiência de vir pra cá, de sair pouco do meu mundinho, de viajar, de abrir a cabeça, posso dizer que no meu caso, teve influência de cem por cento em tudo que eu fiz a partir de então, e mudou minha forma de pensar a medicina e a minha carreira.
É, hoje o Sem Fronteiras não, como eu falei não é tão acessível, mas realmente é uma possibilidade pra quem tem tem essa oportunidade de passar tempo durante a graduação ou ou internato fazer o tempo tempo de pesquisa é uma oportunidade muito boa que que de novo pra nossa geração eu também não fiz ciências sem fronteiras eu fui direto assim igual embora né seguido e enfim mas abre portas né abre portas pra pra pra conhecer o mundo de pesquisa aqui nos Estados Unidos. Muito bom. Ana, como que foi a pesquisa pra você na na sua formação? Em termos de você, faculdade, internato, depois a residência. Você teve oportunidade, teve experiência, exposição à pesquisa?
Tive, assim, nunca confesso que nunca foi uma área que me despertou tanto interesse, tanto amor como o caso do Deco, mas eu tive bastante contato. Lá na UFRGS tem bastante incentivo, estímulo à pesquisa, iniciação científica, então eu acabei no terceiro semestre, ali no início da faculdade, entrei numa bolsa de iniciação científica da Gineco que nunca foi uma coisa que eu pensei em fazer, mas surgiu a oportunidade e então eu tive contato com iniciação científica do terceiro semestre até o décimo mais ou menos, quando eu acabei saindo da iniciação científica pra focar, pra estudar pra residência. Então eu tive, na verdade não fiz nenhuma pesquisa na reumatologia, mas eu fiz pesquisa na gineco, fiz na psiquiatria, na medicina interna mais pra parte de cardio e na oftalmologia também. Então fui assim, tive várias experiências mas eram basicamente coisas assim, pesquisa de clínicas e análise de banco de dados, coleta de dados de pacientes, então trabalho pouco mais braçal digamos assim, mas que também foi legal, é uma coisa que, como como eu falei, eu sempre gostei mais da parte da assistência, mas foi muito bom e me ajudou bastante a aprender também, até aprender sobre as áreas das quais eu fazia pesquisa e abri a cabeça assim, mesmo nunca tendo pensado em fazer, por exemplo, ginecologia, foi uma coisa eu aprendi, aprendi a gostar e foi bom, assim, foi foi bem legal.
Mas aí na residência, já na medicina interna, a gente tinha TCC que tinha que fazer e, enfim, a gente até acabou, eu e uma, eu e uma colega a gente fez juntas, que foi uma uma revisão sistemática, metaanálise de endocrinologia e, mas também foi uma coisa bem, assim, uma coisa mais superficial mesmo, não me aprofundei tanto e na reumatologia não tem, pelo menos ali na residência, a gente não tem tanta oportunidade, agora até tem cada vez mais, mas não tinha tanta oportunidade de pesquisa. Então o meu contato com a pesquisa durante antes de vir pra cá foi principalmente na faculdade e depois teve gap e aí quando vim pra cá aí sim me expus cem por cento praticamente a pesquisa. Como research Fellow? Como research Fellow uhum. Isso é uma recomendação forte de digamos assim, uma recomendação classe digamos assim que eu faria para para o pessoal escutando, que é mesmo quem tem interesse primário na assistência, como a Ana e eu, é importante se envolver em atividades de pesquisa aí durante a graduação, seja iniciação científica, fazendo revisão sistemática, metaanálise.
É primeiro para conhecer esse mundo da pesquisa, segundo porque pode eventualmente abrir portas futuras aí que vocês nem imaginam que vão Deca, estamos aí, concorda? Não eu digo que ajuda na própria assistência Exato. Porque se tu não entende de ciência, não sabe ler artigo muito importante que ciência cardíaca juntos, em certo momento. O que nós aprendemos ali de clube de revista, de discussão de artigos, são coisas que nós aplicamos até hoje, não só na pesquisa que eu faço, mas na assistência que é a atividade primária da Ana, de pegar ler artigo e dizer como é que eu vou aplicar isso aqui pra ajudar o meu paciente, então, não acho que é só uma atividade que a pesquisa é só uma atividade complementar. Claro o quanto a gente vai se dedicar, a pesquisa vai de cada mas tu ter uma noção básica de leitura de artigos, de leitura crítica, básico de estatística, é essencial pra assistência também.
É, eu acho que essa parte de ter crítica mesmo, a leitura crítica é muito importante porque a gente recebe uma enxurrada de informações e e é monte de artigo e tem que saber ler pelo menos assim o básico de extrair, de ver o que, né, o quão aplicável é na nossa prática mesmo. Sem dúvida nenhuma. Eu quero discutir bastante nesse nosso podcast aqui com vocês essa transição Brasil, Boston e depois voltando aqui agora. Então, vou deixar aberto pra vocês dois, contem como surgiu essa ideia de vim pros Estados Unidos agora e já adianto que foi prazer enorme pra mim pessoalmente, ter vocês aqui como amigos, eu eu eu foi foi período assim incrível de colaboração talvez a gente fala sobre escrita científica na prática mas eu eu foi uma experiência muito positiva pra mim pessoalmente eu fiquei muito feliz em conhecer vocês, em ter a amizade de vocês e conta aí como que surgiu a ideia de vim pra Boston. Como eu vou deixar pra gente também foi assim muito muito legal a experiência e né, todo o contato que a gente teve contigo foi foi excelente mesmo, vou deixar o André, o Depp começar contando de como veio a ideia de vir porque a ideia na verdade partiu principalmente dele né?
Então. Eu sempre tive a ideia de fazer fellowship fora e muito disso veio do meu pai que foi fellows de eletrofisiologia na Duque. Então eu morei em Duran quando eu tinha anos de idade, dos aos três anos de idade, morei em Duran porque ele era felo de eletrofisiologia lá. Acho que desde então, e muito por conta da cardiologia lá da UFRGS do Hospital de Clínica, assim que a maioria das pessoas foi pra fora fazer uma especialização. Isso era muito forte lá no serviço e muito forte em mim, de em algum momento querer ir pra fora.
Tanto que durante Sem Sem Fronteiras eu cheguei a fazer os staps, nunca pensando em vir pros Estados Unidos pra ficar, e sim pra ter os stats prontos caso eu quisesse fazer fellowship em algum momento pra fazer, como o research Fellow, por exemplo, e aí voltar. Então eu sempre tive isso dentro de mim, a Ana não tinha isso dentro dela e foi crescendo junto com o amor. E então, quando estava mais ou menos na reta final da residência de cardiologia e do doutorado, a gente já estava conversando sobre isso, de começar a ver oportunidades de vir pra cá. Eu conhecia já essa bolsa da Fundação Lemann, que é voltada aqui pra cardiologistas aqui no Bregamn Womenments, que é, pode me confirmar mas o melhor serviço de cardiologia do mundo. E nessa parte pesquisa então, que é o que mais me interessava, nem se fala.
Então eu já sabia dessa oportunidade e já fui atrás pra fazer essa aplicação na reta dois, terminei a residência em março, vinte e dois, terminei doutorado em junho, final de junho a gente já estava já estava aqui em Boston. E a partir do momento então que essas coisas começaram a funcionar pra mim, aí a Ana começou a ir atrás de oportunidades pra ela aqui também. Eu quero explorar como que foi essa sua visão, Ana, como acompanhante ou pelo menos é que não foi o processo de mudança pra cá não foi iniciado por você Uhum. Que obviamente é a situação que muitos médicos e médicas enfrentam ali no, ou se deparam com isso também no Brasil. Mas antes Deco, só porque o 0 fellowship Lehman é exclusivo pra brasileiros correto?
Uhum. Então nós vamos fazer podcast falando com o Deco em inglês, sobre pesquisa em si, sobre os Clinical Trials e tudo isso, então confiram esse outro podcast, mas aqui para o público em português conta aí pouquinho sobre como que é o Lehman Fallship, como que é o processo de aplicação de forma resumida aí por gentileza. Não, perfeito. Nesse programa são aceitos entre dois a três cardiologistas brasileiros por ano, ou cardiologistas ou pessoas com doutorado em cardiologia, segundo o último edital se eu não estou enganado, mas deem uma olhada. O processo é anual, então todo ano vem duas a três pessoas pro Breagan pra vir aqui ficar dois anos de essas pessoas são alocadas a diversas áreas dentro do serviço de cardiologia, então, na minha coorte eu vim pro grupo time focado em Clinical Trials, tem gente com o Scott Soloman fazendo Clinical Trials, tem gente trabalhando mais na imagem contigo, teve gente com o Mandeep marat, então gente com os mais variados professores aqui dentro do serviço.
Pra aplicação, é uma aplicação relativamente comum, a gente manda currículo, tem entrevista com o professor Peter Libbig, que é aqui do do Breagan, manda publicações, você vê, conversa, escreve uma personal statim, nada diferente do que vocês estão habituados a fazer pras várias aplicações que vocês já fizeram ao longo da carreira. Então, foi basicamente isso, faz o processo seletivo, a gente bota conversar com algumas pessoas, e aí é é aprovado, mas fiquem ligados, esse processo ele costuma acontecer na no final do ano, então abre ali por outubro, mais ou menos, então fiquem atentos. É uma excelente oportunidade. Eu tive a oportunidade no passado de de participar de uma maneira bem tímida assim mas do processo seletivo pro pro pro Lehman Fallow e realmente excelentes candidatos aplicam, montem currículo à altura dessa aplicação e de outras semelhantes a essa para você que busca oportunidades internacionais. Lehman Fellow ship é extraordinária a oportunidade temos Deco vai saber melhor que eu, mas o histórico de pessoas que passaram pelo Lehman Fellow shipessie, voltaram pro Brasil e estão tendo carreiras brilhantes lá, é é extraordinário.
Então é uma bela oportunidade, fiquem de olho aí no Lehman Fallship. É e eu só vou reforçar ainda em relação a isso, que a ideia do fellowship é pra esse perfil de pessoa, que quer vir pra cá, se especializar e voltar pro Brasil e fazer a diferença do Brasil. Então é, se tu é uma dessas pessoas, esse é o fellowship pra ti. Perfeito. E Ana, como foi pra você já tendo feito a residência lá no Brasil, já estava na preceptoria como você falou ali no começo, estava tudo encaminhado pra começar a vida pós residência e tal Já tinha começado na verdade.
Exatamente eu estava, bomba proposta. É, na verdade assim desde que a gente começou a namorar no ali na metade do residência da medicina interna, ele sempre me disse que tinha a ideia de fazer fellowship no exterior, então não foi uma surpresa né, foi uma coisa que eu sempre soube que existiria uma grande possibilidade da gente talvez ficar entre a dois anos no exterior. E eu tinha, eu nunca tive antes de vir pra cá a oportunidade de né ficar aqui pra algo acadêmico, quase vim para cá no no aplicativo da reumatologia, no R2, a gente tem mês de optativa que pode escolher e eu tinha muito interesse de ter uma oportunidade que fosse assim mês, dois meses fora e então até consegui, tive entrevista, mandei currículo e consegui estágio optativo por mês, só que foi logo antes de estourar a pandemia. Uhum. Então ficou meio frustrado e eu fiquei com aquela, eu tinha uma certa vontade de vir, talvez não pra ficar tanto tempo, mas ficou aquela coisa, ah mas eu gostaria de ter essa oportunidade E e mas assim não como eu falei não foi uma surpresa, mas o Deco sempre falando sempre falando e eu eu tinha bastante receio na verdade não era não é que eu não quisesse, mas uma pessoa super apegada meus pais de Porto Alegre, todo mundo ali, a família de Porto Alegre, então eu tinha receio de como que seria essa mudança, mas eu tinha vontade também, só que aí a gente conversava e como tinha essa possibilidade que a gente já sabia pros cardiologistas, pessoas né, com doutorado em cardiologia, eu falei pro Deco desde o início, olha, vai atrás né, se tu conseguir eu vou te apoiar, eu vou querer ir junto mas eu não vou atrás concomitantemente, Primeiro se tu conseguir, aí depois eu vou atrás.
E então, mas pra mim foi muito tranquilo, eu sempre imaginei e enfim, aí quando deu certo eu comecei aí atrás, eu pensei, bom, né, preciso ir atrás de alguma coisa, sabia que se eu não conseguisse à distância lá, provavelmente chegando aqui conversando com as pessoas daria, eu teria alguma oportunidade, mas no fim acabei, depois posso contar melhor, mas acabei também conseguindo já quando, ainda quando eu estava em Porto Alegre e já sabia que eu conseguiria vir para cá para fazer o Research Fellowing, então também me tranquilizou e no fim tudo se encaixou né, a gente começou o Research Fellowing no mesmo dia, exatamente no dia onze de julho de dois mil e vinte e dois e a gente terminou exatamente no no mesmo dia Demais. No dia vinte e oito de de junho agora de vinte e quatro. E como que como que você conseguiu isso então? Porque essa situação de novo é muito comum né, o 0 esposo ou esposa precisa ir para Miami, Boston, Nova Iorque e aí o companheiro a companheira precisa achar uma vaga naquela cidade pra passar ano, dois anos. Como que você como que você fez esse processo?
Então, esse foi a com bastante ajuda do do contato que tinha me aceitado pra fazer o optativo em Nova Iorque, que ele é o, chama Pérsia, ele é o chefe lá da reumatologia do Mountsyney e ele ele é gaúcho também e fez a residência, fez a faculdade e a residência de medicina interna e de reumato lá no hospital de clínicas também, mas em algum momento da vida logo depois de ter uma residência ele resolveu vir pros Estados Unidos e aqui ficou e já está aqui há muito tempo, ele é chefe há quase dez anos da reumatologia do Mountsigny e então eu já tinha tido contato com ele, mas enfim, depois acabou se perdendo pandemia, dois anos se passaram e quando eu comecei a ir atrás eu fui falar com alguns professores da reumatologia do Clínicas, que eu tenho uma relação muito boa e são são pessoas sensacionais também e acabou que dois professores concomitantemente, eu falei com falei com o outro e os dois mandaram mensagem falando de mim e mandaram já o meu currículo pro Pérsio. E e aí o Pérsio respondeu pra eles, olha, mandem ela falar comigo. E aí, enfim, entrei em contato, aí mandei o meu currículo, carta de recomendação e aí a gente marcou uma conversa pelo Zoom e conversamos e foi bem legal e ele me disse olha, né, gostei de títulos, é super bem recomendada, se tu quisesse vir pra Nova Iorque eu te aceitaria aqui pra pra fazer fellowship, mas enfim, não era a situação porque a gente já estaria mudando de país, eu já estaria largando assim né, pelo menos temporariamente toda a minha base lá, então seria muito complicado a identificar cada né, mesmo que Nova Iorque e Boston seja tão longe não seria o ideal, não é tão perto né, quatro horas de distância então ele disse, olha, eu vou entrar em contato, então, com pessoas que eu conheço em Boston e perguntou as áreas que eu tinha mais interesse dentro da reumato.
E aí eu falei que as áreas que eu tenho mais interesse é lupus e artrite reumatoide e ele me disse, olha, tem o George Sokos que é assim o grande nome internacional do Lúpus, que eu já sabia de nome, ele disse, olha, eu tenho uma boa relação com ele, eu posso mandar, mandar as cartas de recomendação, mandar o teu currículo e vamos ver se ele tem interesse, né? Então ele mandou e aí foi período de bastante ansiedade esperar email e no fim ele me respondeu, né, me respondeu na verdade primeiro pro Pérsio e disse a, disse pra ela marcar uma entrevista comigo, aí marquei a entrevista foi uma entrevista super boa eu estava super nervosa treinei assim com o Ibeco todas as perguntas que que ele poderia me fazer e no fim ele perguntou que eu não tinha ensaiado, mas eu acho que eu já estava tão assim, já eu já estava com a cabeça na entrevista e fluiu super bem e e aí no fim ele me disse, ah, né, já a tua recomendação é boa, teu currículo é bom, gostei de ti, então por mim se tu quiser vir tu estar aprovado. Então, nossa, terminou a reunião na própria entrevista, terminou a entrevista daí eu fiquei meio assim e até eu lembro que eu desliguei assim daí eu será que entendi certo?
Aí eu lembro que o Deco estava foi me buscar de carro, eu falei olha ele eu acho que ele falou isso mas agora não tenho certeza. E, mas no fim era isso sim. Legal. E aí quando vim pra cá, eu não sabia exatamente quão formal ia ser, mas no fim foi fellowship super formal assim com com tudo que tem direito mesmo e e aí foi super bom, super bom mesmo. Ok demais.
Acho que, algum ponto pra gente generalizar aqui, é a importância talvez de deixar essa excelente impressão por onde você passou na trajetória né? Porque foi a partir dessa recomendação pra alguém que tinha contato em comum, e as pessoas se sentiam confortáveis em recomendar você. Na minha própria história, na minha residência de vida, na minha Director pegou o telefone ligou pro programa Director da Hopkins e falou você tem que pegar esse cara, entendeu? Então aí você deixar essa boa impressão ao nosso quando a gente passa, igual o Deco aqui também não queriam deixar ele embora pro Brasil. Não, mas nessa história da Ana pra mim tem algumas lições, uma é essa é que as coisas que a gente vai construindo, mesmo quando a gente pensa que ninguém está vendo ou que esse estágio não vai fazer diferença no meu futuro, sempre faço porque sempre tem alguém que está vendo e isso vai ter algum impacto em algum momento depois, então vai acumulando boas impressões por onde passa e isso volta pra gente da melhor forma.
Segunda coisa é usar os nossos contatos, a gente tem vergonha e não quer pedir, mas isso faz total diferença, que ela causou uma ótima impressão nos professores lá do hospital de clínicas em Porto Alegre, os dois conversaram com amigo que é o chefe da reumatologia no Mountsign, em Nova Iorque, que conhecia essa referência mundial em lúpus aqui no Bet Isrow, e aí ela veio parar aqui. Essas pessoas todas se conhecem. Eu, ok, eu apliquei pra uma bolsa no Breagami Womens, mas minhas cartas de recomendação já conhecia, e isso faz toda a diferença. Então, deixar uma boa impressão e usar, aproveitar e usar esses contatos que a gente tem, fazem toda a diferença na hora de conseguir esse tipo de oportunidade. Cem por cento.
Uhum. Como que foi a transição de vocês para Boston, olhando do vê se tem vagas, se você mantém a sua posição, ou ficou meio que trancado e já esperando vocês voltarem? Como que foi deixar as oportunidades lá no Brasil? Então, pra mim na verdade algumas coisas ficaram em stand by e algumas coisas continuaram. Na preceptoria, né, da da residência já tinha bastante coisa online porque também foi logo póspandemia, então é round toda semana online, seminários online, então quando, assim quando me chamaram, me convidaram pra entrar na preceptoria, eu já logo falei, olha, entro mas é possível que eu acabe ficando ou dois anos Então eu consegui manter essa parte da preceptoria daqui.
Claro né, que tem muita coisa que é presencial, que essas coisas eu tive que, né, deixar em Stand by por por tempo, mas mas a parte né dos rounds, da dos seminários, das discussões, eu sempre consegui participar, né e geralmente era horário mais final da noite lá então acabou sendo bem incompatível com o que eu estava fazendo aqui e aí a questão de de enfim de consultório outras oportunidades, o pessoal logo que eu vim falar olha mas tu vai voltar pra cá né, tu é tu é nossa, então e agora a ideia é voltar então, não foi assim vai a gente vê. Claro, era vai e vamos a gente vê mas mas quando voltar a gente quer que tu volte pra cá né. Pra mim foi o oposto. Eu terminei o doutorado em sete de junho de vinte e dois, dia vinte e eu já estava nos Estados Unidos totalmente desempregado, sem nenhum tipo de vínculo com o Brasil. Mas eu não vi isso como problema, bem pelo contrário, porque me deu uma certa liberdade de também fazer todas as atividades aqui sabendo que depois eu poderia ver o que que seria a melhor oportunidade pra mim na volta.
E eu nunca tive muito essa preocupação do tipo preciso ir pra fora já com vínculo no Brasil, não que eu tenha vindo completamente despreparado. Eu sabia várias possibilidades que teria na volta, eu já vim planejando isso, mas não tinha nenhum tipo de vínculo, nenhum tipo de vínculo formal, até pra vir aqui e conseguir, aproveitar tudo, aprender tudo, e depois se ver o que eu o que eu faria na volta. Maravilha. E aí como foi a transição do ponto de vista aqui nos Estados Unidos, como que vocês recordam aí esses semanas meses iniciais e especificamente vamos começar com você Ana porque, se eu entendi corretamente você veio pra fazer Research Fellaship sem ter tido treinamento ou uma experiência extensiva pelo menos grande em pesquisa antes então como que foi pra você entrar nesse papel? Então, foi foi uma transição que eu achei que ia ser muito conturbada toda mudança pra Boston porque não era não era só que eu estava fazendo algo que eu não tinha tido background tão grande, eu estava fazendo algo num lugar diferente com em outra língua com pessoas que eu não conhecia, então eu achei que ia ser muito mais desafiador do que foi.
E tinha medo, assim, de várias coisas de Boston em si, né? Não só da parte do trabalho, mas eu pensava como é que vai ser o frio e se eu não me adaptar e e como que vai ser. E e no fim eu acabei assim, o 0 grupo de pesquisa me me recebeu super bem e acabaram né assim eu conversando com o com o George Sokos, ele conversou e viu que eu tinha interesse mais porque é laboratório de pesquisa praticamente básica e transacional, mas ele viu que o meu interesse era mais na clínica, né? Então ele me disse, olha, eu estou pensando em algumas possibilidades de projetos que têm uma relação maior com a clínica e aí me colocou, né, num projeto que depois eu posso explicar pouquinho melhor, mas que tem muito a ver com com o que eu faço, tem uma parte clínica boa e fui super recebido assim, o pessoal muito legal, tinha no início eu não sabia quase nada de laboratório, não sabia quase me mexer numa pipeta e o pessoal assim, me ajudou bastante e eu também cheguei com total, apesar de ter as coisas ali, né, relacionadas ao moinhos, à preceptoria, eu vim com a cabeça e disse, não, minha dedicação é noventa e oito por cento aqui, então eu ficava até tarde Lab pra tentar sabe captar tudo que eu precisava de informação e e aí depois consegui me dependizar dentro, Então, e aí foi bom porque eu, né, chegava cedo e saía à tarde e aí fui entregando e e logo assim no primeiro mês eu estranhei pouco, depois eu já comecei a me sentir em casa, dentro do laboratório e em Boston mais ainda, né?
Que eu, nossa, eu amei Boston, amei muito, então tudo, as coisas foi uma adaptação muito mais tranquila do que eu imaginei, em todos os sentidos. E ter a presença do Deco que a gente sempre se deu muito bem, a gente sempre tem uma relação muito boa e aqui as coisas ficam mais fortes né, assim, a gente virou a nossa unidade familiar e a gente sempre se ajudou muito, então qualquer dúvida, qualquer coisa, então foi ajudou muito essa transição também a ser mais leve. Que que mais? É, pra mim, já fazendo gancho com a pergunta anterior da do vínculo com o Brasil, uma noção muito clara que eu tinha em relação ao trabalho aqui é que eu nunca nunca vou, na minha vida, conseguir render tanto e ter output tão grande quanto o que eu pude ter aqui, em termos de acesso a mentores, acesso à pesquisa, acesso a banco de dados. E as pessoas no Brasil têm essa noção também.
Então eu sabia que o meu tempo aqui valia muito e que as pessoas lá valorizariam isso. Eu faço gancho com a pergunta anterior porque, sim eu vim pra cá sem saber exatamente pra onde eu voltaria, mas eu nunca tive essa preocupação, porque eu sei que todo mundo lá tem esse entendimento do quanto vale esse tipo de treinamento que a gente faz aqui. E isso direcionou grande parte do que eu fazia aqui, porque eu vim simplesmente com a mentalidade de, eu vou produzir tudo o que der, vou aprender tudo que der então era o último a sair do time todos os dias porque eu vim com esse pensamento né. Né. Toda a base de pesquisa que eu tive no Brasil me ajudou muito nisso, porque eu já tinha participado de alguns trials lá no Brasil, já tinha feito a análise, já tinha terminado o doutorado, então eu já cheguei aqui numa posição em que eu tinha relativamente bom entendimento de como as coisas funcionavam e já cheguei mais pronto, digamos assim, pra dar esse passo a mais.
Então aqui, foi, cara, muito trabalho, como tu bem sabe, como eu sei que tu faz igual, muito trabalho pra realmente aprender tudo que dava, fazer o máximo, isso tudo do ponto de vista de trabalho, e do ponto de vista pessoal, como a Ana já falou, é muito diferente porque lá a gente tinha nossas duas famílias e tinha todos os nossos amigos. Nós dois somos de Porto Alegre, as nossas famílias são de Porto Alegre, os nossos amigos são de lá, nós fizemos a residência, a faculdade lá, a residência lá, tudo lá. Aqui nós viramos, como ela disse, nossa unidade familiar era e o outro e e óbvio com a presença de grandes amigos como vocês que tornam tudo mais fácil, mas em termos de família era nós dois. Então isso fortaleceu muito a nossa relação como casal, tu acorda, está ali, tu vai dormir, está ali, chega final de semana, está junto. Então foi muito bacana nesse sentido também, que é algo que eu vejo que as pessoas não pensam tanto na hora de vir pra fora, pensam mais na parte acadêmica e de trabalho, que óbvio que é super importante, mas essa parte pessoal também tem ganho muito bacana.
Então, esses primeiros meses pra nós, acho que foram de muito, muito trabalho, mas muito crescimento acadêmico e também pessoal, foi super bacana. Eu nunca tinha pensado por esse lado, eu e a Carol, minha esposa pra quem não sabe o nome da minha esposa é Carol, a gente só conhece essa vida porque a gente se casou e viemos pra cá e sozinhos e enfim. Mas eu nunca tinha pensado por esse lado assim de ainda mais vocês que têm a família ali todo mundo perto porque é bom e também É e aqui a gente tem uma liberdade como casal também que que a gente não teria como ter like agora quando a gente voltar a gente não vai ter e isso foi uma coisa que nos ajudou a crescer mesmo assim, a gente estabelecia a nossa rotina do jeito que a gente queria, então e lá, assim, tendo todas as pessoas na volta, a gente acaba não tendo tanta liberdade, mas claro, tem muita coisa boa disso, mas em termos de crescimento de casal acho que que foi o foi uma baita experiência. Foi amadurecimento amadurecimento. Muito bacana.
Eu quero discutir ponto que você mencionou aí Deco sobre, vocês dois na verdade mencionaram que é muito trabalho né, Vocês conhecem a cultura no Brasil melhor que eu, eu fiz faculdade mas toda a minha residência e formação depois foi aqui? Obviamente na residência todo mundo trabalha muito aqui nos no Brasil onde qualquer lugar no mundo. Mas, o que me chama muita atenção nos Unidos, eu quero ouvir a opinião de vocês, é é ver o tanto que as pessoas que estão mais sêniors, vinte anos de carreira alguns dos nomes que você falou, tanto que eles se aplicam também naquele mesma grind ali naquela mesma rotina pesada de de quando a gente está começando na carreira. Como comenta pouco sobre isso isso se você já tinha essa noção ou como que foi essa experiência aí pra você né? Eu tenho uma visão parecida com a tua, acho que, do ponto de vista de residência é muito trabalho em qualquer lugar aqui nos Estados Unidos, não não muda tanto.
Do ponto de vista de pesquisa, eu acho que é muito variável, tem gente que, aí vai muito conforme a pessoa. Nós viemos aqui com o intuito de se matar trabalhando e e render e aprender, e a gente veio com essa ideia, tem gente que vem com uma outra ideia, com outras prioridades, não tem uma cobrança tão grande. Agora, ponto que eu vejo que é muito diferente é esse que comentou. Aqui, o pessoal mais sênior, também trabalha feito louco e no Brasil, a partir de certo momento, eu vejo que o pessoal vai baixando. Então, só pra dar alguns exemplos, lá no time, que é o grupo onde eu fiquei, o time, além de fazer parte da pesquisa, eles tocam a unidade coronariana do hospital.
Todo mundo faz plantão unidade coronariana. O chefe do time faz umas seis semanas por ano, ele está lá vinte e quatro horas na unidade coronariana, à disposição, o paciente internou três da manhã, ele vai pro hospital, que é uma coisa que raramente a gente vê a partir de certo ponto lá no Brasil. Bom, pra ter uma ideia, o patrono do time, Ophter Brown road está com noventa e cinco anos e me liga pra ti me incomodar e perguntar das minhas tabelas. O pessoal realmente tem uma noção de trabalho muito forte aqui e que persiste, não atenua a partir de certo momento. A Ana pode comentar pouco do chefe dela?
É, o meu chefe também, ele trabalha assim, muito, todos os dias sempre, tira poucas férias. E eu lembro que na primeira vez que eu conheci ele pessoalmente, né, quando eu conheci realmente tive a minha entrevista aqui, mas pra acertar questões do Fallow, ele me disse olha, se quiser me manda email, eu vou responder sempre, eu só não respondo ali entre uma da manhã e cinco que geralmente eu estou dormindo. E aí eu porque eu fiquei, achei que era brincadeira, daí eu, não mas como assim dele? Ah eu tenho muita coisa pra fazer, eu não consigo dar conta, se o meu dia precisa de umas vinte horas e realmente teve muitos momentos trocar artigo, mandar e aí ele respondia revisado duas horas depois sei lá, entre entre as cinco da manhã e a uma da manhã ele sempre respondia com muita rapidez, então é impressionante mesmo, é impressionante. É, esse é ponto que é bem diferente, aqui tu manda email tu recebe umas duas vinte e cinco minutos, o que às vezes é até meio frustrante, porque eu ficava mês trabalhando pra atualizar artigo, mandava duas horas depois já vinha com vinte comentários do professor e pensava pô podia demorar pouquinho mais, ficar pouquinho infeliz.
Mas esse tipo de velocidade de troca de informação é uma das diferenças grandes que eu vejo daqui dos Estados Unidos pro Brasil. E me parece que o trabalho, o tempo de trabalho aqui as pessoas são mais focadas, eu fico com essa impressão de que assim, está no no momento de trabalho, está trabalhando, inclusive não tem tanto pelo menos lá não tinha essa cultura é ah sentar, ir almoçar, ficar conversando, não, não já está trabalhando, vai almoçar ali sozinho ou com alguém quinze minutos, volta a trabalhar e foca e aí consegue ir muitas vezes com pendências, mas muitas vezes consegue, né, termina o dia e vai pra casa e o trabalho continua no dia seguinte, mas aproveitando bem cada minuto do trabalho enquanto está trabalhando. Tem dois pontos que eu quero ressaltar sobre essa discussão é que ele também se aplica à à assistência, meus os chefes os os cardiologistas por exemplo com quem eu tenho contato no Briggamo onde eu trabalho que que não estão fazendo, pesquisa uma grande parte do tempo que são predominantemente da assistência, eles também trabalham muito, o ambulatório é cheio, eles fazem muito tempo de enfermaria, a unidade coronariana que o Deco mencionou aqui é assim, é muito demandem, ela exige muito do do do atendem e ele está lá sempre enfim, então é é pesado assim pra quem é mais sênior na assistência também.
E o segundo ponto é que existe muita variabilidade individual claro, mas na média realmente, e tem viés de seleção também, porque nós na instituição onde nós estamos e com as pessoas que nós temos o privilégio de trabalhar, são as pessoas que são mais workaholic e e tem pouco essa mentalidade. Mas isso é real em todas as as instituições que eu passei aqui nos Estados Unidos, na média, até mesmo centros acadêmicos, a prática privada é pior ainda em termos de assistência e demanda, na mas mesmo os centros acadêmicos os os as pessoas que trabalham na assistência e na pesquisa se dedicou muito assim por toda a carreira, é é incrível isso. Muito bom, vocês mencionaram a gente falou sobre trabalho, sobre muito trabalho, muita demanda, mas como que foi o tempo em Boston do ponto de vista fora do trabalho né? Deu tempo pra aproveitar? Gostaram da cidade?
A Ana já disse que sim? Conta pouco aí. Então, ah e deu pra aproveitar muito, a gente a minha experiência assim com Boston é é 100 porcento positiva. Mesmo frio como eu falei que era o que eu tinha mais medo, que eu sou uma pessoa que eu não gosto de frio, rodei o frio, eu tenho, não tinha muito medo de passar frio e nem o frio assim, de tanta coisa boa que tem na cidade e, ah, é uma cidade linda, é uma cidade limpa, é uma cidade segura, é uma cidade em que as pessoas né, te tratam bem, são legais e a gente acabou tendo sorte também de de reencontrar e de conhecer pessoas muito legais amigos né como tu a Carol como vários outros amigos que são pessoas que têm estilo parecido com a gente, tipo de relação parecido com a conheceu dos brasileiros são pessoas que vieram como casais, então pessoas que a gente se identificava muito, né. Então isso ajudou muito e e tudo, as oportunidades que é uma vivência diferente, a gente morava perto do trabalho, então a gente sempre ia a pé pro trabalho, na chuva, no sol, na neve.
E isso foi uma coisa muito legal isso lá em Porto Alegre a gente faz pouca coisa a pé, né, tem muita questão de segurança, de insegurança e aqui é isso pra mim foi uma coisa que me conquistou, porque eu ia e voltava assim, ia né, de manhã e voltava, muitas vezes já era noite e eu nunca senti nada de insegurança e isso é uma coisa que a gente nem percebe mas acho que impacta muito assim até no nível de tensão, de ansiedade diária, tu sentir mais seguro eu acho que tem tem grande impacto. E ah, é uma cidade com parques, uma cidade que as coisas funcionam e também perto de Nova Iorque, a gente conseguiu, né, a gente já foi três vezes pra lá, agora vamos mais uma vez também pra pra se despedir que a gente tem amigos de lá também, viajar por dentro dos Estados Unidos, então foi foi uma experiência muito muito boa mesmo, muito bacana. Vou ter que te interromper, senão a gente não vai querer ir embora. Foi muito muito bacana por todas essas coisas que a Ana comentou a gente adorou a cidade, a gente adorou os amigos que a gente fez aqui, pessoas com valores muito parecidos com os nossos, com uma vivência parecida com a nossa, pessoas que vieram pra cá com ambições e objetivos parecidos, a experiência de estar num lugar seguro de poder ir a pé pro trabalho, voltar a pé do trabalho, é algo que a gente não se dá conta da falta que faz no Brasil até ter uma experiência como essa, e agora a gente vai voltar pra lá e aí sim vai sentir falta dessa questão da segurança, de poder caminhar pra lado e pro outro, sabendo que não tem problema.
Então foi uma experiência olha, riquíssima em todos os sentidos, sentido de trabalho, sentido pessoal, sentido de vivência e que certamente valeu muito a pena em todos esses sentidos. E mesmo no frio eu nunca tinha visto nevar, então pra mim a neve teve uma umas, foi uma coisa tão mágica quando nevou a primeira vez e eu mantive isso e como a gente não tinha carro, a gente não tinha a parte né assim ruim da neve, então a gente conseguiu aproveitar muito até essas coisas e coisas que eu sabia que era pra período ilimitado Muito ruim. E que depois quando voltasse não ia mais ter né, então deu pra aproveitar até as coisas que eu achei que seriam ruins. Vamos falar pouco sobre essa parte aqui pra mim é muito triste de vocês voltarem pro Brasil. Como que foi essa questão de de olhar agora pra voltar a oportunidade, se teve a tentação de ficar, como você mencionou aí, Deco, enfim conta pouco sobre essa decisão de voltar de fato, sempre foi o plano pelo que me parece mas se passou pela mente uma o plano b de ficar, e aí depois procurando oportunidades lá, conta aí.
Aí. O plano sempre foi, sempre foi vir se especializar, aprender, ter essa experiência acadêmica, experiência de vida, e levar isso de volta pro Brasil, de preferência pra Porto Alegre, onde tem a minha família, a família da Ana, a gente já, a gente é de lá e a gente gostaria de voltar pra lá, então esse sempre foi o plano. Eu estaria mentindo, se dissesse que nunca passou pela cabeça, a oportunidade de ficar por aqui. A gente já falou sobre isso algumas vezes, teria uma série de vantagens, assim como uma série de desvantagens. No fim, na soma geral das coisas, a gente nunca pensou seriamente em ficar aqui, porque no fim, na soma, sempre nos pareceu mais positivo voltar, mas não digo que é uma decisão fácil e a gente sente muito tudo que a gente vai abrir mão ao voltar, assim como se a gente resolvesse ficar a gente abriria mão de muita coisa, então tu tu acaba sendo eterno órfão de ter muitas coisas boas de lado e deixar abrir mão de coisas do outro lado como eu sei que tu deve sentir em vários momentos né, então não no momento em que a gente começa acumular boas experiências, essa é a consequência natural, quanto mais experiências bacanas a gente acumula, mais a gente abre mão de certas coisas e que bom e que bom que é assim, mas infelizmente não tem escapatória.
Durante esse esses dois anos nosso aqui, a gente sempre teve pezinho lá na volta. Então, a partir de uns seis, doze meses aqui, a gente já começou a planejar essa volta pra não deixar isso pra última hora. Então mais ou menos com ano que a gente estava aqui, a gente já começou a falar com instituições lá, mais eu do que a Ana, Ana já era preceptora lá no Moinho de Vento, mas mas eu começando a ver oportunidades de pesquisa em Porto Alegre, lá no Moinho de Vento, oportunidade de pesquisa em São Paulo, em outras instituições, ver onde teria espaço maior pra desenvolver essa questão de clinical trials, que é algo que não tem muito no Brasil, então entender como esse seria melhor esse tipo de movimento, se teria oportunidade na nossa cidade em Porto Alegre, se não. Então a gente começou a construir isso já de mais de ano e meio pra cá, que a gente já vem tendo essas conversas gradualmente, falando com todas essas pessoas, até que há mais ou menos seis meses nós batemos o martelo que vamos voltar pra Porto Alegre, ela na parte de assistência, eu também nas tensimas basicamente mais na pesquisa, na condução de ensaios clínicos, então foi uma coisa que pra nós fez muito sentido, do ponto de vista pessoal com as nossas famílias lá, nossas cidades, nossos amigos, e do ponto de vista profissional, ela como presetora lá na reumatologia, eu, na parte assistência, focando mais em prevenção, mas principalmente na parte de condução de ensaios clínicos, que era algo que não existia lá em Porto Alegre, que agora a gente vai criar.
Então toda essa parte profissional se alinhou muito bem com a nossa vontade pessoal, e acabou nos nos empurrando pra essa direção. Agora, eu não acho que tenha necessariamente uma resposta certa, acho que a gente seria feliz se ficasse aqui, seria feliz se fosse pra São Paulo, vai ser feliz indo pra Porto Alegre, acho que são são momentos e em que e que todas essas opções são boas e abrem mão de alguma coisa, então na alguma hora a gente tem que olhar, ver o que faz mais sentido pra nós decidir e também sabendo que nenhuma decisão é necessariamente definitiva, isso tudo pode ser realinhado a partir de certo ponto. Uhum. É. É vocês vão deixar muita saudade aqui em Boston viu isso é é certeza.
Pessoal nós vamos fazer uma segunda parte desse batepapo aqui, eu vou fazer com o Deco, em inglês, explicando sobre toda a os detalhes assim da pesquisa em si. Certa maneira júnior já é autor New England Journal of Medicine e European Hard Journal grandes revistas e publicações e vai voltar pra fazer uma posição de pesquisa, vai liderar instituto de pesquisa lá em Porto Alegre, então vocês não percam essa segunda parte do nosso batepapo, com o Deco explicando especificamente sobre sobre a parte pesquisa na carreira dele e o que ele vai fazer lá no Brasil. Ana, está animada pra voltar também? Estou bastante animada. Estou bastante bem feliz.
Claro que, como o Deco falou tem muita coisa que a gente perde, tem muita coisa que a gente vai sentir falta, mas eu acho que nos tranquiliza muito saber que a gente sempre teve a ideia de voltar, né, então eu estou bastante animada, né, sei que e agora está fazendo frio lá e aqui está calor tão maravilhoso e a gente né, está se despedindo progressivamente das pessoas e também dá uma dor, mas mas eu estou bem animada e e lá então a parte profissional também eu acabei mantendo o vínculo e aí surgiram oportunidades novas também, que eu vou ficar mais na parte da assistência, mas também envolvida com o ensino, também oportunidades dentro da pesquisa, dentro do Moinhos de Vento. Então assim acho que vai eu vou conseguir fazer as coisas que eu mais gosto, priorizando pouco mais assistência mas sem deixar de lado as outras coisas, então acho que acho que vai ser muito Pensando do ponto de vista da da carreira que você vai construir ali no Brasil já começou e vai continuar a partir de agora, o Research Fellowship em si a experiência que você teve, além de de acompanhar o Deco aqui, ela ela agrega valor nessa nessa carreira?
Conta pouquinho sobre como o research Fellowship Ah não, agrega bastante. O pessoal ali né, no Brasil valoriza muito isso e e na Real Madrid tem pouca gente que que vai pra fora, que faz research Fellow enfim, que faz outras coisas fora, então o pessoal valoriza muito e e eu tive oportunidades aqui e né, muito da minha pesquisa como eu falei tem aplicabilidade na na clínica e são coisas que eu pretendo também continuar, então o pessoal sabendo também o que eu estava fazendo teve interesse em eu voltar em seguir em paralelo lá pelo menos uma parte e muita coisa que eu aprendi, né, de pesquisa que com certeza vai ser aplicável lá, então valeu muito a pena. E além, né, da parte de pesquisa, eu também aqui consegui, tinha acompanhamento, acompanhava casos de discussões clínicas, Grand round, discussão de de nefro, reumato, então eu também mantive pouco do pé na clínica que que também vai ajudar. Tem coisas aqui que são diretamente aplicáveis pro que a gente vai fazer lá, Tem coisas que não são diretamente aplicáveis pro que a gente vai fazer lá, mas a construção de estar aqui, de se expor, de publicar, de ir atrás, a forma que eu posso dizer é, não teria nenhuma chance a gente estar voltando agora pras posições que a gente vai assumir, se a gente não tivesse vindo pra cá.
Uma preocupação grande que nós tínhamos certo momento era, pô, eu vou dar pause na minha carreira, vou ir pra fora, ficar dois anos fora, vou perder o meu trabalho, a minha escala, vou perder aquela oportunidade bacana, enquanto isso outras pessoas vão estar ali se desenvolvendo, e a gente vai dar uma pausa financeira, vai dar uma pausa na carreira, pra ficar dois anos vivendo como estudante, e depois voltar pro Brasil, possivelmente tendo perdido algumas oportunidades. E sim, é verdade, mas ao mesmo tempo isso te agrega tanto, tanto o aprendizado que a gente tem aqui quanto a forma que as pessoas nos enxergam também, voltando sabendo de todo todo o esforço e toda a trajetória que nós tivemos aqui, eu fico muito tranquilo em dizer que não teria nenhuma chance de a gente estar voltando pras posições que a gente vai estar assumindo se a gente não tivesse vindo pra cá. Então, não tenho nenhuma dúvida de que até do ponto de vista acadêmico e de carreira foi uma decisão muito acertada pra nós dois. Certeza. E tem os vínculos que vocês formaram aqui que persistem essa Exatamente.
Quando a gente falou lá atrás de conexões e usar os nossos contatos, isso também vale pra pra esses contatos que nós estamos criando a partir de agora. Contatos laços tanto de amigos e família quanto laços profissionais, de saber que, por mais, voltando pra questão de ir embora daqui, por mais que seja pouco dolorido saber que a gente vai embora e não vai mais ter o convívio da amizade contigo, com a Carol, com tantos outros, também é muito bacana saber que tu vai ter tanto do ponto de vista de amizades, quanto do ponto de vista profissional, de começar a fazer colaborações à distância, de mandar alunos pra cá, de fazer artigo juntos e é o tipo de coisa que só agrega a todos os envolvidos. Pessoal, felizmente vou ter que encerrar esse batepapo tão tão gostoso e tão leve e de novo esse foi o Meta Cast falando aqui com onde eu tive a honra de receber André Zimmermann Deco e Ana Laura falando sobre a experiência deles a carreira a trajetória no Brasil depois vindo para Boston para oportunidade de pesquisa e agora voltando para ocuparem posições de destaque lá em Porto Alegre. Então, eu sou muito grato pela amizade e pela parceria com vocês, foi período enriquecedor pra mim, pessoalmente também e profissionalmente, eu e o Deco fizemos o Escrita Científica na Prática, treinamento em em escrita científica, aprendi muito com o Deco, os nossos alunos também, então inclusive provavelmente vai ter a versão dois disso aqui.
Eu vou fazer uma outra gravação com o Deco falando especificamente sobre a carreira de pesquisa nos Estados Unidos e no Brasil vai ser em inglês não perca esse episódio e com isso eu vou passar para considerações finais de vocês e mais uma vez muito obrigado que honra receber vocês aqui. Pode. Bom, então primeiro, muito obrigado por, primeiro por nos receber aqui, mas segundo e mais importante por esses dois anos de colaboração e de amizade que eu dá uma pena de saber quem está voltando, mas por outro lado é bacana saber que é só o começo de muitos e muitos anos que a gente vai ter isso pela frente. Como considerações finais, se eu tivesse que dar alguma sugestão pra quem está numa posição como a nossa, de que pensa em fazer alguma especialização fora, mas não gostaria de morar fora pra sempre, pensa que poderia voltar ao Brasil. Olha, vão atrás, falem com pessoas, não é algo que faz sentido pra todo mundo, mas faz sentido pra muita gente.
Fala comigo, você sabe onde me encontrar, fala com a Ana, fala fala com o Anderson, vê esses exemplos, vê se faz sentido. Essa trajetória que a gente está fazendo é uma trajetória não tão usual, muita gente gosta de vir pra cá pra ficar, mas essa história de vir pra cá com a ideia de voltar não é tão usual, mas tem muita gente que faz e é super enriquecedor do ponto de vista pessoal, de vista de trabalho, do ponto de vista acadêmico, de experiência de vida. Se vocês têm oportunidade de fazer algo assim, eu recomendo fortemente e eu tentaria não deixar passar essa oportunidade. Fica essa a minha sugestão pra cada de vocês que estão ouvindo. Eu concordo cem por cento e acho que é uma oportunidade que vale muito a pena em todos os sentidos e é isso.
Então a gente, né, tá muito feliz principalmente com uma sensação de dever cumprido, né? De a gente está indo mas a gente veio para fazer o que queria fazer, a gente conseguiu fazer bem feito o que a gente queria fazer e agora a gente volta pra seguir fazendo as coisas bem feitas lá no Brasil. E muito obrigada por nos receber, uma honra pra gente estar aqui, né? E a gente te admira muito mesmo como amigo, como pessoa, como profissional, então agradecemos muito a oportunidade de estar aqui. Muito obrigado pessoal, que honra tremenda.
Abraço e não percam os próximos episódios do MetaCast.