Como a arte e sustentabilidade têm o potencial de nos fazer refletir sobre seu impacto na sociedade.
Entre passado e futuro, entre paisagens urbanas e naturais, a arte nos permite revelar o que desejamos plantar. Ver nascer a natureza morta
Speaker 2:em constante transformação, encontrar em
Speaker 1:cada pincelada o caminho pra ao Arte Que Transforma, podcast patrocinado pela Vivo, e à ao Arte Que Transforma podcast patrocinado pela Vivo e apresentado por mim Luiza Adas pesquisadora e comunicadora de arte. O objetivo desse podcast é a gente trazer personalidades artistas curadores e pessoas do mundo da arte pra pensar como que a arte pode também fazer parte né, ser uma ferramenta de transformação pra gente discutir de fato os assuntos que são importantes pra gente conversar e e dialogar enquanto sociedade. Estamos aqui pra quem não sabe, na Pinacoteca Contemporânea, o novo edifício da Pinacoteca de São Paulo dedicado a exibir, refletir, debater arte contemporânea, e no nosso episódio de hoje temos dois convidados pra lá de especiais, eu estou muito muito contente de apresentar aqui pra vocês o Claudinei Roberto da Silva, que é pesquisador, curador, professor, artista visual, faz trabalho belíssimo e que recentemente fez a curadoria de uma das exposições mais incríveis que eu visitei que é as vidas da natureza morta que está acontecendo lá no Museu Afro Brasil, Emanuel Araújo. Claudinei muito obrigada por ter aceitado conversar com a gente.
Speaker 3:Obrigada vocês.
Speaker 1:Temos aqui do meu lado também Alexsandra Matias que ela é pesquisadora, ela é doutora em artes visuais e pósdoutora também em artes visuais, doutora pela ECA, pósdoutora pela Unesp, e eu estou super empolgada pra ouvir aqui vocês falarem o que vocês pensam sobre esse universo todo da arte e da sustentabilidade que a gente vai conversar hoje. Então o nosso papo hoje é pra pensar pouco sobre o passado e o presente na arte, no que diz respeito a meio ambiente, no que diz respeito à sustentabilidade e todos os outros assuntos que giram em torno disso também. Eu quero começar nosso papo perguntando pro Claudinei o que que, como surgiu né, o termo natureza morta, como que ele era, como que esse gênero pictórico ele foi sendo desenvolvido ao longo da história da arte, como que a gente pode repensar o uso desse termo nos dias atuais?
Speaker 3:Pois não. Bom, preciso agradecer o convite que me foi feito, estou muito feliz de estar aqui do lado da Alexsandra, não é, que eu reputo como sendo uma inteligência extraordinária e que tem contribuído de maneira inestimável pra pra, enfim, pro entendimento mesmo desse momento que a gente está vivendo. O gênero natureza morta ele vai adquirir autonomia, enquanto tal, lá pelo século dezessete, não é? 000 gênero ele era tido como subalterno, ele, de fato, numa escala de valores acadêmicas, ele foi sempre apreciado de uma maneira menos importante que, por exemplo, né, a pintura histórica, pintura religiosa, o retrato mesmo, né, principalmente da aristocracia e da nobreza. É com o advento da da da modernidade na Europa, ele ele vai adquirindo uma importância que antes não tinha, porque ele passa a fornecer pra artistas como o CESANE, não é, os elementos necessários pra o desenvolvimento de uma nova percepção, de uma nova visualidade, não é?
Speaker 3:Se a gente lembrar de de notório pintor de de naturezas mortas, o Van Gogh, a gente vai entender, não é, como ela vai, como esse gênero vai adquirindo importância nas pesquisas que esses artistas vão desenvolvendo. No Brasil, o 0 gênero ele foi introduzido tardiamente, né, a partir do do do da chegada da missão francesa, não é, a gente vai observar que o gênero vai aos poucos adquirindo importância. Mas principalmente pelo tanto que ele sinalizava, as pinturas representavam gosto de uma aristocracia, não é? Eu acho que na na exposição As Vidas e a Natureza Morta isso isso fica bastante evidente a partir daquela coleção que vai colocar em perspectiva essa essas sensibilidades, tanto a sensibilidade de Pedro Alexandrino,
Speaker 2:não
Speaker 3:é, que vai desenvolver pinturas notáveis e belíssimas, mas que dizem respeito ao gosto da aristocracia daquele momento, não é? E você vai ter também pinturas inestimáveis que eram consideradas como de de grande valor artístico pela crítica do momento de pintor negro chamado Arthur Timótio, não é? Aliás, são dois irmãos João e Arthur Timótio, que na passagem do século dezenove pro século vinte vão desenvolver trabalhos extraordinários e a que as pessoas que puderem comparecermos ao Afro Brasil vão encontrar mostras dessa excelência e dessas diferenças que compõe mesmo AAA graça desse desse arranjo.
Speaker 1:E pra você Alexsandra, quando você pensa nesse assunto no tema desse podcast que é arte sustentabilidade, como que você enxerga, qual foi a primeira obra que você entrou em contato que de alguma forma dialogou com essa questão do meio ambiente, da sustentabilidade, que que você se lembra de mais antigo do do ponto de vista de história da arte que abordava de uma certa forma essa temática?
Speaker 2:É bem difícil essa pergunta, porque se a gente for pensar no tema né arte sustentabilidade e pensar também na questão dos gêneros, você tem a natureza morta mas você também tem as paisagens né, a paisagem também era gênero subal terno, ele era o fundo dos retratos, o fundo da natureza morta e depois mais tarde, principalmente nos países baixos, na Holanda e na Bélgica, ele vai ser comercializado e vai começar a ser gênero, que é o gênero da paisagem. E aí, se a gente falar de obras mais antigas, eu posso principalmente falar da questão do grupo Santa Helena, que é grupo de artistas que nasce aqui em São Paulo, nas escadarias de prédio, palacete chamado Santa Helena, que era na Praça da Sé, que foi demolido quando a estação Sé foi construída, mas que pintores se reuniam ali, eram, de fato, pintores de parede. Então Alfredo Volpi, Rebolo, Penac e todos os artistas de uma origem mais imigrante e que faziam excursões pelo litoral e pelo interior de São Paulo fazendo paisagens. Então, se você quiser conhecer pouco sobre os bairros periféricos ou pouco mais sobre o litoral ou sobre cidades do interior de São Paulo, eles são registro histórico maravilhoso porque eles fazem essas paisagens, mas diversos artistas, tanto nacionais como quanto internacionais, eles são preocupados com a questão da paisagem, das naturezas, da natureza morta.
Speaker 2:Então assim, é difícil eu te apontar qual é a obra mais antiga e que eu tive mais contato, mas eu deixaria aí como exemplo o Grupo Santa Helena que é repertório bastante importante que a gente pode pensar sobre as paisagens, sobre a questão de pensar o meio ambiente, de pensar o entorno. Então esses são artistas que e todo, tem toda uma geração também dos anos vinte e dos anos trinta em São Paulo e no Brasil que tratam desse entorno desse entorno dessa questão da paisagem, Cícero Dias que vai falar sobre os carnavais do da região nordeste. Então, dá pra fazer assim uma viagem pela história, pela historiografia, pela cultura visual, falando sobre a paisagem e sobre a questão de se entender esse meio, esse meio ambiente, essa natureza que os artistas propõe. Então eles são mesmo registro histórico de tudo isso.
Speaker 1:Uma coisa muito interessante quando a gente pensa em natureza morta, assim como vocês falaram, é gênero subalterno que dentre a hierarquia né, dentre as os gêneros pictóricos que existiram, que existem né, ele é considerado aí de menor importância, ao passo que atualmente, quando no assunto né, no podcast de hoje que a gente está falando sobre sustentabilidade, muitas vezes quando a gente fala sobre esse assunto, ele acaba também ainda não tendo a devida atenção, ainda sendo de uma certa forma, marginalizado ou enfim, não tratado da devida, com a importância que deveria. Como você enxerga Claudinei, a relação entre o termo natureza morta nos antigamente e o uso desse termo nos dias atuais né, porque uma coisa muito interessante que eu notei na exposição, e quem não foi é assim, obrigatório sair depois de terminar esse podcast sair correndo e ver essa exposição, uma coisa que eu notei é como você também traz esse termo de uma forma atualizada né, então como que os artistas eles também pensam esse termo que é termo contraditório, é uma é uma natureza que supostamente a natureza é algo vivo, só que morta. Então como que os artistas no passado representavam isso através das suas pinturas e tudo mais, e como atualmente a gente também pode pensar a ironia que esse termo carrega.
Speaker 1:Eu queria que você falasse pouco sobre a escolha das obras dos artistas e essa questão da atualização desse termo pros dias atuais assim né, a gente refletir sobre esse termo através do nosso olhar de hoje assim.
Speaker 3:Pois não, muito obrigado pela pergunta, é uma pergunta complexa. Mas eu posso dizer o seguinte, eu tenho pensado que a gente não viu bastante do que acha que já viu demais. Então, a gente tem sido convidado a revisitar a produção do século dezenove a partir de conhecimentos que a gente prospecta na contemporaneidade, a partir de uma sensibilidade que tem emergido de de uma de uma inteligência, de uma pesquisa, de uma visada de mundo que tem emergido e que tem sido convocada a a pensar a a história da arte a partir de outros lugares. Uhum. Então por exemplo, não é, e eu acho isso extraordinário.
Speaker 3:Você tem pintor como Pedro Alexandrino que apresenta na sua pintura elementos de uma de uma de uma culinária aristocrática, não é. A pintura do Pedro Alexandrino pode ser percebida como uma projeção de poder de grupo de uma classe e de gênero, eu diria. E você tem paralelamente a essa produção, a essa que eu já mencionei, dos pintores negros do século dezenove, não é? E entre eles, entre essa produção, digamos, aristocrática, ou que servia ao ao ao ideal e aos valores de uma aristocracia daquele momento, você tem outra produção que é tem outra produção que é reconhecida pela crítica do momento, né, como por exemplo Gonzagagaduque, não é, que foi talvez o maior crítico de arte do século dezenove na virada pro vinte, ele reconhecia na pintura do Arthur e do João Timóteo uma excelência extraordinária, não é. Mas é curioso e e quem tiver, enfim, quem puder acessar a exposição vai perceber que o próprio tamanho das obras denuncia a origem social dos seus dos seus autores, não não é?
Speaker 3:Então eu eu eu acho que isso é muito interessante porque pra além desse dado objetivo, né, que é o tamanho da obra material, você tem os elementos que são representados na pintura. E na pintura do Timóteo o que nós observamos é uma culinária de de jardim, de roça, de quintal, não é? São são plantas, são são são frutos que são que são extraídos de hortas, não é? E o próprio grau de maturação das frutas representadas pelo na na na pintura do Timóteo, denuncia o fato de que ele não trocava o modelo, ele pintava aquele modelo, ele enfrentava ter uma mensuração de tempo expressa também na na na pintura magnífica que o que o que o que o Timóteo realizava. Mas eu eu eu acho, então, que o na contemporaneidade os artistas têm se valido desse desse gênero pra fazer comentários absolutamente pontuais e e incontornáveis.
Speaker 3:A gente tem por exemplo uma artista chamada Cleri Cardoso que fez uma instalação com gravuras, não é, ela usa AAA gravura como suporte para pra o pra uma instalação que ela realiza. E essas gravuras comentam de maneira crítica a condição da mulher na história, a objetificação, a a subalternidade, a clausura doméstica, tudo isso elaborado com com com muita com muita competência e também com muita coragem política. Então 000 gênero, não é, foi percebido pela pela Cleri Cardoso como uma maneira de trazer à tona uma uma problemática que é central pros nossos dias, não é? E que é filtrada a partir desse desse expediente, não é? Ana Luiza Dias Batista também faz comentário interessantíssimo, é uma artista contemporânea que trabalha na chave conceitual e e ela também traz despojos de uma personalidade romana que é a fotografias de despojos dessa personalidade que está, enfim, esses despojos estão albergados num num museu na Itália e e ela traz essas fotografias pra fazer comentário sobre a memória daqueles, sobre as memórias que são preservadas e memórias que são preteridas, não é?
Speaker 3:E dentro desse universo da natureza morta que contempla, por exemplo, né, as as vaidades, não é?
Speaker 1:Que
Speaker 3:são, enfim, alertas, né, sobre AAA efemeridade da vida, não é? Então, normalmente são são são despojos, são ossos, são são objetos que sinalizam pra efemeridade da vida. Sim. E a Ana Luiza ela faz comentário sobre essas memórias que são preteridas, que são subalternizadas, que são apagadas a partir também de objeto instalativo que celebra a memória de de de uma celebridade, mas que traz do lado despojos de escravizado, não é? Então, eu acho que os artistas contemporâneos eles têm percebido gênero como oportunidade pra organizar narrativas, não é, que sejam importantes inclusive politicamente.
Speaker 1:Sim. Não é?
Speaker 3:E e eu acho que eles têm sido muito felizes ao fazêlo. E e eu queria, sem me estender, né, mas já me estendendo, lembrar que essas estratégias elas elas não são uma novidade, não é, assim, e e que artistas, por exemplo, como o Farnésio de Andrade, não é, artista importantíssimo e e nem sempre lembrado, mas o 0 Farnésio de Andrade, ele também recuperava objetos descartados, ele organizava esses objetos EEEE ressignificava todo material que era que era descartado, não é, que que que, enfim, viraria lixo, né, mas que a partir das das das estratégias EEEE dos métodos que ele organiza, são ressignificados numa obra muito poderosa, não é? Enfim, se a gente pensar na na na na Itália dos anos cinquenta, arte pólvora, não é, a gente também está falando de sustentabilidade, não é, e e pensar em como os artistas daquele momento, né, criticavam 000 fazer artístico consagrado pelos cânones, não é, a partir da reutilização de de de de materiais descartados, da ressignificação desses materiais, também como uma crítica ao industrialismo, ao consumo irresponsável do do dos recursos naturais, não é? Então, eu eu eu acho que por aí, não é, 000 gênero vai se se sustentando, né, já se falando de sustentabilidade, ele vai se sustentando na na contemporânea Vai na
Speaker 2:última, muito legal.
Speaker 1:Tem uma coisa muito interessante que Alexsandra tocou, que é sobre a relação não só da manifestação da da questão da sustentabilidade né, na natureza morta que é algo que a gente investiga muito mais através das da sua exposição, não necessariamente em todas as obras que a gente vê de natureza morta, mas foi algo que eu refleti muito quando eu visitei a exposição que que você curou, mas sobre a relação entre os gêneros né, então tem uma sala aqui na Pinacoteca de São Paulo que ela apresenta a transição da paisagem urbana, principalmente de São Paulo, ao longo da história da arte né, então você vê imagens, pinturas, enfim, mais antigas que apresentam a cidade por viés muito mais, né, com com a natureza ali super exuberante, e como que na medida em que o tempo foi passando, na medida em que novas tecnologias foram sendo desenvolvidas, essa paisagem também foi se alterando. Eu queria ouvir pouco de você como você enxerga, e se você enxerga né, uma junção realmente entre esses dois gêneros, se existe alguma algumas obras, enfim, sejam obras mais antigas ou obras contemporâneas em que você consegue mapear pontos né, que são características da natureza morta na paisagem e viceversa.
Speaker 2:Olha, são quatro gêneros né, assim tradicionalmente, historicamente falando. E vou aqui dizer por ordem hierárquica porque de fato eles teriam uma ordem hierárquica. Então tem a pintura de heróica ou de episódio histórica, que geralmente é aqueles aquelas telas enormes e aí a gente tem como grande exemplo aí o 0 quadro, a tela do Pedro Américo, o que está no Museu Paulista, que é Independência ou Morte, aquele é grande exemplo de pintura histórica. Depois a gente tem os retratos, que eles podem ser de diversas formas. E E essas duas categorias, esses dois gêneros, eles têm essa hierarquia porque primeiro pintura histórica ela é encomendada.
Speaker 2:Alguém encomendou pro artista e ele tem aí prazo de elaboração, projeto todo pra desenvolver e tudo. E geralmente cede a interesse político, aquela, você sacralizar aquela cena. E depois os retratos também dentro dessa nossa sociedade, uma sociedade burguesa, era o que você mantinha a memória de seus familiares ao seu e tem tem a ver com com vaidades e tudo, então os retratos. Depois a natureza Mota, a natureza morta ela é estudo do artista, então ele tira, ele faz cenário e ali ele está estudando técnicas ou cores, então geralmente ou traços, então é uma é é cenário que ele coloca ali paradinho a ver com objetos, então flores, vasos, objetos como o Valdinei o 0 Claudinei falou sobre a questão do memento mori que é aquela lembrança da morte, então as caveiras, a esqueletos, coisas que nos lembram dessa passagem da vida, né. Então a natureza ou a cozinha também são objetos que estão ali no dia a dia, então você recolhe esses objetos e o artista coloca como cenário que ele pode estudar.
Speaker 2:E a paisagem. A paisagem ela era fácil de ser vendida porque ela era pequena e você Pinteiras de cavalete. Você virar a pintura de cavalete e isso vai se vai se modificando, os gêneros vão passando e sendo afetados pela história da arte e pela história também. E aí a questão de de o que o artista vai escolher pra desenvolver dentro do seu repertório tem muito a ver também com o que o Claudinei colocou que é a questão social e política desse artista. Uma
Speaker 3:uma
Speaker 2:aproximação com uma classe abastada que pode lhe encomendar obras, ele vai fazer pouco mais de pintura histórica, o que no nosso, no caso por exemplo dos artistas negros ou mestiços, era mais difícil, mas a gente tem pinturas históricas feito feitas por artistas negros do século dezenove, por exemplo. E agora, com esse, com o que a gente pensa sobre arte contemporânea, o que os artistas vão buscar na pra repertório, tem que atender às novas formas de ser e estar no mundo. Então como é que você se relaciona com esse mundo contemporâneo hoje? Primeiro você vai então cuidar do seu território, você vai observar o que que está ao seu entorno, quais são as relações que movem, as relações sociais que movem o seu entorno, isso preocupa os artistas e isso faz mudar como eles enxergam e eles retratam a paisagem, né? A Revolução Industrial, principalmente em São Paulo, a gente vê que, por exemplo, a semana de arte moderna de vinte e dois, os artistas modernistas, eles estavam vendendo o que?
Speaker 2:Uma São Paulo moderna ou Brasil moderno? Então, eles vão fazer essa relação com a modernidade. Hoje os artistas contemporâneos pensam, bom, que cidade é essa? Quais são as relações que eu tenho? Qual é o meu bairro?
Speaker 2:Quem são as pessoas com quem eu me mulher negra, então eu vou, trabalhar questões que movem essa minha subjetividade como mulher negra, isso vai aparecer na minha arte, na minha escrita, na minha história. Então isso vai aparecer na arte contemporânea. Tudo isso, tem a ver também com sustentabilidade, por quê? A gente vive hoje num mundo que pensa claramente a sustentabilidade. Então, tantos os objetos que os artistas vão mudar, vão usar, tanto da história da arte como Claudinei lembrou da arte pólvora, vai lembrar de artistas que fazem bricolagem com vários outros artistas, vários outros objetos, de tirar função dos objetos como o Marcel do Cham, fazer rede mês.
Speaker 2:Tudo isso tem a ver com esse mundo contemporâneo que a gente vive, né, e com as demandas que eles nos colocam. Então tudo isso vai entrar dentro do discurso da sustentabilidade que está que está no repertório dos artistas, no repertório dos críticos e também no repertório dos museus. Então isso vai aparecer de modo ou outro, essa e isso vai se transformando né, e a gente está em pleno momento de transformação.
Speaker 1:Uhum. E como vocês enxergam essa pergunta pros dois assim, que os artistas eles, como eles abordam a questão da sustentabilidade atualmente nas suas obras obviamente né, temos milhares de artistas mas como de forma assim, generalizando como que vocês enxergam que esse assunto vem se desdobrando e aparecendo aí nas nas produções artísticas contemporâneas pensando principalmente aqui no Brasil? Claudinei.
Speaker 3:Eu vou aproveitar a fala da Lec pra pra convidar a gente a a enfim a pensamento. E como eu disse né, a gente não viu bastante do que acha que já viu demais. Eu acho que a partir das nossas experiências a gente pode se aproximar da produção do século dezenove e extrair daí algumas lições interessantes, não é? Por exemplo, a Alê mencionou o a pintura do Pedro Américo, né, Independência ou morte. A partir da nossa experiência a gente nota, não é, que aquela paisagem ali representada é uma paisagem comprometida, ecologicamente comprometida.
Speaker 3:O morrinho em cima do qual 000 secto né, do Dom Pedro está representado, é o morro eruudido, não é? Você tem ali gramídias, não é?
Speaker 1:É verdade,
Speaker 3:é verdade Eu tinha
Speaker 1:parado pra pensar nisso.
Speaker 3:Você tem gramídias e e fato interessante, o 0 riacho, não é, o riacho do Ipiranga, que também está ali representado, é é é, ele já tinha sido rio, só que o rio ele ele morre se você corta, se você derruba a mata que o protege, a mata ciliar, não é? E prova de que essa essa derrubada, não é, esse desmatamento aconteceu, é justamente o carro de boi que traz as toras de de madeira, não é? E tudo isso era apresentado como discurso sobre o progresso, não é? Esse discurso sobre o progresso ele continua no modernismo, não é? A Pinacoteca tem exemplos extraordinários de de de pinturas de paisagem onde justamente ela é apresentada a a partir de tocos de árvores que foram derrubados pra que a gente pudesse promover o progresso, não é, o plantador de café do Portinario é uma coisa extraordinária, não é, é aquele arcaico mítico, né, aquele negro né?
Speaker 3:Com os pés gigantes, com as mãos poderosas, com o seu instrumento de trabalho na mão e atrás dele você vê Floresta foi derrubada pra que nela se plantasse café. Uhum. Não é? É? Os colonos do Di Cavalcanti traz a mesma paisagem e você vai ter isso de maneira recorrente a a derrubada da floresta como distintivo de progresso.
Speaker 3:Existe uma pintura realizada pelo Tuné ali pelo meio do do do século, eu não vou conseguir lembrar a data, mas é a a floresta da da Tijuca sendo derrubada pra produção de carvão. Então a pintura, o tonéis realiza uma pintura que já é protesto contra, já é uma pintura de caráter de protesto ecológico contra a derrubada, de caráter de protesto ecológico contra a derrubada da mata nativa, não é, pra produção de carvão, então num dos lados, no lado esquerdo, você tem grupo de escravizados que está trabalhando a a floresta derrubada, as toras de madeira sendo cortadas e tal. E do lado direito, onde o pintor se autorretrata, não é, você tem a floresta intacta, bela, pujante e romântica, não é? Então, isso é o olhar contemporâneo, é a nossa experiência olhando pra pra pra esse lugar, não é, e e tentando prospectar daí os motivos pelos quais a gente sofre o que sofre hoje
Speaker 1:Sim.
Speaker 2:Não
Speaker 3:é? Certa ideia de progresso que era celebrada através da arte Uhum. Promoveu AAA situação que redunda por exemplo na catástrofe que a gente viu no sul do país.
Speaker 1:Com certeza. Na. É e acredito que até por isso a dificuldade na resposta da primeira pergunta que eu fiz pra você, sobre qual é a pintura mais antiga ou a obra mais antiga enfim, que aborde a questão da sustentabilidade porque eu enxergo que hoje a gente tem olhar sobre as obras que a gente vê que foram feitas no passado em que não necessariamente no passado elas foram criadas sob essa ótica né, a gente tem olhar hoje de interpretar uma obra com o nosso olhar de agora, e não tendo em vista o que de fato o artista tinha em mente quando se propôs a fazêla assim né?
Speaker 2:É e é super importante olhar pras pra história da arte com as demandas que a gente tem hoje, mas sem fazer uma sem fazer julgamento do artista ou daquele movimento social, porque o artista ele é fruto da sociedade onde vive, né, ele tem relações ali, então não dá pra você pedir uma consciência pro artista que você foi que você desenvolveu agora no século vinte
Speaker 3:e
Speaker 1:Que é anacronismo. É anacronismo,
Speaker 2:é. E outra coisa bem importante, por exemplo, se você vê as pinturas de Benedito Calisto, século dezesseis, século dezessete, se eu não me engano. Não, minto, já é dezenove é dezenove pra vinte, é já é dezenove pra vinte. O Benedito Calista ele faz uma São Paulo irreconhecível, por quê? Porque é uma São Paulo cheia de rios, cheia de várzeas e e agora o progresso em nome do progresso, essa virada do século vinte, né, os os vinte primeiros anos do século vinte, tam todos os rios, todas as várzeas, aterrou tudo e por isso a gente vive nesse caos das inundações porque o que passa aqui embaixo da cidade de São Paulo são rios
Speaker 1:e
Speaker 2:os rios estão vivos né então você olhar para as pinturas do Benedito Calixto por exemplo, é você ver uma São Paulo que é irreconhecível, mas que ainda existe, ainda está lá submersa sobre esse progresso Sim. Sobre essa tampa de progresso. Eu acho que uma questão importante pra, se a gente for pensar sobre meio ambiente é, bom, vivemos essa era do progresso, isso nos levou até que ponto? E agora? Como resgatar isso?
Speaker 2:Como refazer esse novo esse novo mundo com as condições que temos. Acho que tem alguns artistas que são bem interessantes nessas propostas de futuras possíveis, porque eles trazem, não trazem mais essa questão do progresso, de retratar o progresso à modernidade, eles vão buscar a sua ancestralidade.
Speaker 1:Sim.
Speaker 2:Eles buscam as memórias do seu pai, do seu avô, da sua avó e dentro dessa questão dessa natureza o saberes saberes diferenciados, outro modo de viver Isso é
Speaker 1:progresso né, pode ser?
Speaker 2:Isso ajuda, isso ajuda bastante, isso é ser sustentável
Speaker 1:Sim, entendeu? Com certeza, e por isso que eu acho também muito interessante o acervo da Pinacoteca de São Paulo que inclusive é uma instituição patrocinada pela Vivo, estamos aqui nesse lugar por conta dessa parceria, mas justamente porque eles colocam obras que foram feitas no passado ao lado de obras contemporâneas pra gente enfim não deixar de lado obviamente a nossa subjetividade dos dias atuais né, que é impossível a gente também não chegar com o nosso olhar, com as nossas referências, com a nossa bagagem. Mas é isso né ter essa essa esses paralelos que são possíveis do do que no passado, do que que a gente está produzindo agora e como que a gente pode ter uma visão sobre o mundo que a gente vive através, enfim, do que aconteceu e do que está acontecendo e por que não, a partir dessa junção dessas duas dessas duas visões, criar novos futuros possíveis assim, né? E eu queria ouvir de vocês, o que vocês acham, se vocês enxergam que a arte ela pode ter uma função, né, porque muitas vezes a gente até no último, na nossa última conversa aqui com os dois artistas, a gente questionou pouco sobre se a arte tem que ter ou não tem que ter uma função, como que a gente pode olhar pra essa pra essa pra essa produção enquanto algo que vai fazer a diferença na sociedade, enfim, como que vocês enxergam que a arte pode ou não, aí vocês me respondem, ser uma ferramenta pra transformação?
Speaker 2:Olha, a arte não tem função, não tem obrigação, né? Não tem obrigação de nada, não precisa mais resolver nada. Resolver nada, mas ela pode sim auxiliar em várias coisas, porque às vezes discurso escrito ou discurso falado não tenho tanto impacto, não tem tanto impacto quanto uma obra de arte. Porque essa relação corporal é muito importante você aí estar de frente de uma obra, ver uma instalação, participar de de de momento ali que o artista está junto e vocês estão fazendo uma proposição artística, isso é muito importante porque isso é além da do que a gente consegue entender como objetivo. Isso é algo que também mexe com com a nossa subjetividade, com a nossa emoção.
Speaker 2:Então é discurso que é para além e pode transformar sim. Você tem diversos projetos, diversos artistas, porque também a hora que a arte ela é uma intervenção humana, você não consegue viver sem ela, sem ter essa essa relação. Então a hora que os artistas diz olha a arte não está só nesse objeto, não está só nessa tela, não está só nessa escultura, ela é uma relação, ela é uma experiência.
Speaker 1:Sim.
Speaker 2:Você então você está aberto pra tudo, pra abraços, pra caminhadas, pra efeitos visuais, tudo que possa te proporcionar uma discussão. De fato a arte contemporânea precisa de uma iniciação, né, você precisa ter repertório
Speaker 1:Sim.
Speaker 2:Pra estar ali Decodificando. Decodificando, pensando sobre aquilo, mas também não é obrigatório. Às vezes você pode entrar numa exposição e falar e virar e falar assim, nossa que interessante, mas isso é interessante que essa, é tanta coisa, esse interessante é, nossa, de fato isso é interessante, eu nunca tinha pensado sobre isso.
Speaker 1:Me toca de alguma forma.
Speaker 2:Me toca de alguma forma. Interessante eu não entendi nada, vou atrás pra ver. Interessante só pra dizer pro amigo do lado que é interessante porque a ele também vai dizer é interessante e tudo, vocês ficam ali no plano do interessante está ótimo, mas isso é uma relação, você tem uma relação com a com a arte, mesmo que ela, se ela não te comunicou nada, não te fez chorar, não te fez rir, não te causou indignação, não foi uma questão política que te levantou, se ela não te fez nada ela não comunicou e se ela não comunicou ela não funcionou como arte. Então a arte é pra é pra essas coisas entendeu, até pra você dizer sim olha não fez nada.
Speaker 1:Sim.
Speaker 2:Então eu acho que ela transforma sim, os artistas contemporâneos hoje ela eles têm, eles sabem disso, eles usam bem essa questão, tem envolvimento político, tem envolvimento social também bastante forte, fora as questões estéticas que estão sempre presentes, então pra mim ela transforma, tem potencial de transformação. Maravilhoso.
Speaker 3:Nossa, é difícil acrescentar alguma coisa pra lenda aquilo que a LEC falou, mas eu eu concordo com a LEC, eu acho, eu, a minha experiência sugere que o destino final de uma obra de arte é o público, não é? E em contato com o público ela tem condão de despertar a a nossa humanidade. Eu eu tenho a impressão que que as obras que que a gente consagra como sendo de arte, elas são sempre são sempre militantes. Mas essa militância não é por uma causa específica, não é? É a militância que desperta em nós a nossa humanidade, ou desperta ou aprofunda a nossa experiência humana, não é?
Speaker 3:Eu tenho a impressão que as obras de arte elas elas fazem perguntas e nós e nós buscamos dentro da nossa experiência meios de responder essa pergunta. Essa pergunta pode essa essa resposta pode ser como a Alex falou, muito pouco elaborada do tipo diante de de uma pintura abstrata, não é? Eu eu falo, bom, mas isso
Speaker 1:Não me diga.
Speaker 3:Eu consigo fazer em casa? Sim. Não é? Isso meu filho de cinco anos faz, não é? Essas respostas elas não dizem da obra, elas dizem da pessoa que interpreta a obra.
Speaker 3:Então é a experiência da pessoa só vai dar elementos pra ela responder assim a inquietação que a obra desperta, mas mesmo essa resposta ela tem o condão de devolver o sujeito pra ele mesmo Uhum. Num numa fração que seja de tempo. Uhum. Essa pessoa que olhando a obra torce a cabeça e sai andando, ela já já está revolucionária nesse nesse nesse momento em que ela esteve em contato com ela mesma Sim. Procurando responder à pergunta que possivelmente uma obra faz.
Speaker 3:Você vê que coisa extraordinária, você mencionou AAA pinacoteca do do Estado, que é que é nosso nosso museu do coração, né, assim, acho que todos os que é nosso nosso museu do coração, né. Assim, acho que todos nós aqui em São Paulo temos a Pinacoteca ou deveríamos ter, né, a Pinacoteca como lugar de referência, não é. Tem dentro da Pinacoteca alguns artistas que são centrais ao acervo, não é, desde que ele começa a ser elaborado. Deles é o Almeida Júnior, não é? Almeida Júnior, aqui tem pinturas extraordinárias dele, a gente falava, né, do do do quanto a a questão ecológica está representada na pintura do passado, né.
Speaker 3:Almeida Júnior tem uma pintura extraordinária que é o Derrupador Brasileiro, né. O nome já denuncia 000 tema, né? É homem gigante forte, belíssimo, não é? Que é apresentado com seu instrumento de trabalho que é o machado, né? Esse homem descansa, de lado a floresta já derrubado, de outra a floresta sintática.
Speaker 3:Mas está ali, o Almeida Júnior com derrubador brasileiro uma pintura extraordinária. Mas aqui na na na pinacoteca a gente tem os cantadores, os cantadores de viola, não é? Aquela pintura ela ela já foi alvo de das críticas mais variadas. Houveram aqueles que disseram que ela denunciava esse estado de lacedão, essa preguiça que é própria do caipira, né, que é própria do caipira e que esse caipira, isso é é é uma narrativa do Monteiro Lobato num determinado momento do do da sua história. O Monteiro Lobato criando personagem do Jeca Tatoo, não é, denunciava aquilo que precisava deixar de existir, né?
Speaker 3:000 se o Brasil quisesse participar do concerto das ações, tinha essa conversa, né, ele teria que de alguma maneira eliminar esse sujeito, né, 000 caipira. Ora, de pé descalço, né? Posteriormente, o próprio Monteiro Lobato vai calçar embutinas no no caipira e dizer olha, ele tinha aquele comportamento porque ele era homem doente, na medida em que o progresso calçálo, ele vai ser sujeito produtivo, ele vai contribuir pro progresso da nação. Bom, os caipiras do Almeida Júnior estão todos descalço, a maioria deles está num estado de ou ou ou ou de relaxamento ou do relaxamento que foi interrompido, né, o caipira picando fumo, os cantadores de viola, a amolação interrompida, não é? Nessas pinturas a gente observa jeito de viver que hoje é perseguido.
Speaker 1:Sim.
Speaker 3:Jeito ecologicamente correto de viver. A própria arquitetura de pau a pique está sendo recuperada, né, eu tenho uma uma amiga muito querida que está construindo uma casa a partir Sim. Dessa tecnologia.
Speaker 1:Taipa de pilão
Speaker 3:Taipa de pilão, não é, está sendo recuperada essa essa tecnologia porque se entende que ela é ecologicamente correta, se entende que ela é sofisticada, se entende que ela funciona, essas casas ainda existem, não obstante o tempo extraordinário né, que elas têm, a idade extraordinária que elas têm. Isso está representado na na na pintura do do Almeida Júnior, né? Então, eu fico eu eu fico pensando, que a arte ela tem o condão de transformar não é panacéia, não é, ela não é remédio pra qualquer doença, ela ela depende do tipo de relação que ela conseguir estabelecer com com o público, com o entorno. Daí a importância do ainda a a importância dos museus, daí a importância da galeria, daí a importância de políticas públicas Sim. EEE do mecenato, do patrocínio que torne possível o acesso à à à arte, né.
Speaker 3:E é curioso né, a própria instalação da da da Pina contemporânea já é prédio ecologicamente pensado não é, é prédio que que que atende a certas normas de sustentabilidade, né. Isso é isso é extraordinário, eu sou de tempo em que a Pinacoteca não tinha não tinha acessibilidade. Uhum. Se você era cadeirante você tinha que ser carregado pra dentro da Pinacoteca. Surreal.
Speaker 3:Quando eu eu estudei na USP, né? O departamento de arte também não tinha nenhuma obra sustentável. No prédio central da ECA, onde a gente era obrigado AAA ter aulas e tal, não tinha elevador.
Speaker 2:Tinha elevador.
Speaker 3:Então, o 0 os cadeirantes eram carregados por ser pelos seus colegas, não é? Hoje, né, uma uma menina como você não não pode imaginar uma realidade dessa perdia pra ver, né? É uma coisa inconcebível, mas
Speaker 2:Antes de mil novecentos e noventa e dois, eu era monitora e aí eu vinha na Pinacoteca, mas as pessoas passavam aqui na frente e faziam sinal da cruz achando que era uma igreja, porque as pessoa ao redor não sabia que era museu. E esse foi o primeiro museu, mil novecentos e cinco, o primeiro museu de arte de São Paulo. Sim. E as pessoas não sabiam. Aí a gente também deve ao Emanuel Araújo que traz Rodan, lembra de Rodin?
Speaker 2:Rodin foi a primeira exposição que fez filas.
Speaker 1:É, exposição Blockbuster, né?
Speaker 2:Mas foi mas foi muito importante porque fez filas e as pessoas começaram a entender que existia museus. Sim. E que eles e assim e as pessoas entravam na fila porque gostavam da fila mesmo, se você for ver Tarsila do Amaral no MASP e Tarsila popular, filas homéricas pra ver Tarsila do Amaral então a fila, eu não acho ruim não, acho fila maravilhoso porque as pessoas estão indo lá, estão vendo, estão tendo acesso. Pode até ser que tenham alguns problemas de interpretação ou não, mas é começo, a pessoa se despertou pra ver aquilo, pra ver uma questão, uma obra de arte, museu. E existe mesmo várias camadas de interpretação da obra de arte e você vai descascando com uma cebola mesmo.
Speaker 2:Você descascando vai pegando as aparências e vai descascando e entendendo a proposição do artista, a proposição da obra, do que ele estava querendo conversar e falar com você naquele momento. Eu acho que é isso é bastante importante, só que isto é uma acessibilidade que está acontecendo agora, né Claudinei? Porque há menos de trinta anos era muito difícil que as pessoas entrassem no museu porque várias pessoas entendiam que não era, aquele espaço não
Speaker 1:era Perdão.
Speaker 2:Não era pra ela estar ali, não entravam e tinha receio e hoje a gente já consegue ir quebrando pouco mais, mas isso é movimento que eu entendo que é da instituição, dos patrocinadores, das pessoas que estão nesse sistema da arte, dos artistas que vão dando essa chance de acessibilidade.
Speaker 1:Com certeza.
Speaker 2:E aí quanto mais acessibilidade, melhor a vida de todo mundo, né?
Speaker 1:Com certeza. E é justamente por isso que estamos aqui hoje reunidos pra trazer esse papo pra cada vez mais pessoas, pra poder mostrar que não só esse espaço é das pessoas, elas devem ocupar esse lugar, como os assuntos que são abordados aqui dentro também devem ser de interesse de todos e de relevância né, que a gente tem que debater esse assunto, esses assuntos cada vez mais, então Claudinei Alexsandra, eu quero agradecer demais vocês pela participação no nosso episódio de hoje do Arte Que Transforma, prazer gigantesco poder ouvir duas pessoas tão geniais como vocês falarem sobre a questão da arte da sustentabilidade. No próximo episódio, a gente vai conversar com alguns representantes de instituições importantíssimas pro Brasil, algumas delas patrocinadas pela Vivo. Já segue por aqui o podcast pra não perder nada porque tem muito conteúdo bom vindo por aí. E se você quiser acompanhar mais sobre o que rola em alguns dos principais museus do Brasil, dá uma olhada no da Vivo Cultura e no meu perfil arroba Luiza Adas.
Speaker 1:Beijos e até a próxima.